Morcegos, muitas vezes temidos, são, na verdade, aliados valiosos da agricultura, controlando pragas e polinizando plantas
Os morcegos, frequentemente mal compreendidos e temidos, são, na verdade, aliados valiosos para a agricultura e o meio ambiente.
Esses mamíferos voadores, que representam o segundo maior grupo de mamíferos em diversidade, desempenham funções ecológicas essenciais para a saúde do planeta, a produtividade agrícola e o bem-estar humano.
Enrico Bernard, biólogo, ecólogo e presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros (SBEQ), destacou, em entrevista ao Estadão, a importância desses animais:
“Os morcegos prestam serviços ecossistêmicos muito valorosos para os humanos, como a polinização e a dispersão de centenas de espécies de plantas, incluindo algumas de interesse comercial, além da predação de insetos, incluindo dezenas de pragas agrícolas e mosquitos vetores de doenças para humanos e rebanhos”.
Os morcegos insetívoros são predadores vorazes, capazes de consumir milhares de insetos em uma única noite. Essa característica os torna excelentes controladores naturais de pragas agrícolas, reduzindo danos às lavouras e diminuindo a necessidade de pesticidas.
Além disso, eles se alimentam de mosquitos transmissores de doenças como dengue, zika e chikungunya, contribuindo para a saúde pública.
A ação desses animais no controle biológico natural traz benefícios econômicos e ambientais significativos. Ao reduzir a dependência de pesticidas, os morcegos ajudam a preservar a qualidade do solo e da água, além de diminuir os custos associados ao controle de pragas.
Estudos da Universidade de Brasília (UnB) indicam que a presença de morcegos pode resultar em uma economia anual de até US$ 390,6 milhões por safra, evidenciando seu valor para o agronegócio.
Os morcegos nectarívoros atuam como polinizadores noturnos essenciais para diversas plantas, incluindo espécies de importância econômica no Brasil, como o açaí, caju, pequi, buriti e babaçu.
Ao visitar as flores em busca de néctar, eles garantem a reprodução e a diversidade genética dessas espécies, contribuindo para a manutenção de ecossistemas saudáveis e produtivos.
Por outro lado, os morcegos frugívoros desempenham um papel fundamental na dispersão de sementes. Ao se alimentarem de frutas, eles espalham as sementes intactas através de suas fezes, promovendo o reflorestamento natural e a regeneração de áreas degradadas.
Essa função é vital para a saúde das florestas, influenciando diretamente na regulação do clima e na disponibilidade de recursos hídricos.
Apesar de sua importância ecológica, os morcegos ainda enfrentam preconceitos relacionados à transmissão de doenças, especialmente a raiva.
No entanto, é importante esclarecer que a incidência de raiva em populações de morcegos é baixa e a transmissão para humanos é um evento raro.
A maioria das espécies de morcegos não é hematófaga (que se alimentam de sangue) e as poucas que se precisam se alimentar com sangue geralmente preferem animais como presas.
No Brasil, o combate à raiva dos morcegos é realizado em diversos estados para proteger a pecuária, já que o gado é frequentemente visado por morcegos hematófagos.
Em Goiás, por exemplo, após a morte de bovinos, as autoridades intensificaram o controle de morcegos. Essas ações visam manter o equilíbrio entre a conservação das espécies de morcegos e a proteção da saúde animal e humana.
É importante desmistificar a ideia de que morcegos atacam pessoas. O contato direto geralmente ocorre apenas se o animal estiver doente, ferido ou se sentir ameaçado. Caso encontre um morcego no chão ou em situação incomum, evite tocá-lo e entre em contato com as autoridades de saúde locais para o manejo seguro.
Para uma convivência harmoniosa, algumas medidas preventivas podem ser adotadas:
Os morcegos enfrentam diversas ameaças globais, como a perda e fragmentação de habitat devido ao desmatamento e à urbanização, o uso indiscriminado de pesticidas, as mudanças climáticas e a destruição de seus abrigos.
A perseguição por preconceito e desinformação também contribui para o declínio de suas populações. A diminuição das populações de morcegos pode resultar em consequências graves para a agricultura e o meio ambiente.
O aumento de pragas agrícolas e vetores de doenças, a redução da polinização de plantas e a perda de diversidade genética são alguns dos impactos negativos que afetam diretamente a saúde dos ecossistemas e a qualidade de vida humana.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão