Sustentabilidade
Semana Internacional do Café começa destacando a produção sustentável
Até sexta-feira, 22, a expectativa da organização é movimentar R$ 60 milhões; há 13 anos, a SIC é vitrine do café brasileiro para o mundo

Fernanda Farias* | Belo Horizonte | fernanda.farias@estadao.com
20/11/2024 - 13:51

“Como o clima, a ciência e os novos consumidores estão moldando o futuro do café” é o tema da 12ª Semana Internacional do Café (SIC), que começou nesta quarta-feira, 20, no Expominas, em Belo Horizonte (MG). O evento reforça a necessidade e a demanda por sustentabilidade em todos os setores, além de fazer referência ao atual cenário mundial.
O presidente do Sistema Faemg Senar, uma das entidades realizadoras do evento, destacou que os desafios climáticos seguirão acontecendo e que os agricultores estão preparados. “Temos tecnologia, capacidade e gente. E não somos os causadores. Somos o setor responsável pelo equilíbrio climático para que ele não seja pior, porque produzimos com sustentabilidade”, afirmou Antonio Salvo durante a cerimônia de abertura. “Somos exemplo de uma cafeicultura sustentável e viável”, completou, destacando que, desde 2008, mais de 94% da cafeicultura mineira não desmata.
Salvo ponderou que é preciso melhorar o parque tecnológico para ampliar a produção. “Seja com novas cultivares, novos tratos culturais, novas formas de colheita e pós-colheita. Mas principalmente com irrigação para que a gente possa poupar a abertura de novas áreas e transformar aquelas que produzem pouco porque dependem da chuva”. Segundo presidente da FAEMG, só 1% da produção mineira é de conilon e, com irrigação, cresce a possibilidade de trabalhar essa espécie em locais de mais baixa altitude e temperaturas mais altas.
O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Governo de Minas Gerais, Thales Fernandes, afirmou que 15% da área de agricultura em Minas Gerais é irrigada e que a intenção do governo é investir para que esse índice chegue a 50% nos próximos anos. “O hectare do café conilon irrigado produz 120 sacas. Com R$ 1.500 [o valor da saca] não é um mau negócio!”, calculou.
Para reforçar o papel do café na economia mineira, Fernandes levantou alguns números. O café representa 44% do total das exportações do agro no estado. Os embarques do produto somaram US$ 6 bilhões em 2024. “O café é o primeiro produto da pauta de exportação; só exportamos mais minério do que café e, em breve, exportaremos mais café do que minério, não tenho dúvida disso”, projetou. Atualmente, 64% do café exportado no Brasil é mineiro.
O consumo do produto em expansão na China foi lembrado na abertura da SIC. Para Caio Alonso, diretor da Espresso&CO, é preciso “discutir os impactos do aumento desse mercado na produção brasileira e se preparar para o futuro”. O executivo também destacou a importância da Semana Internacional do Café como ponto de encontro para produtores, compradores, cooperativas, indústria e diversos outros atores da cadeia. “A gente consegue mandar uma mensagem única para o mercado interno e externo de qualidade, sustentabilidade, diferentes origens e sabores que a gente tem”.
Minas Gerais responde por 50% da produção de café
Referência na produção e comercialização de cafés, Minas Gerais é responsável por 51% de toda a safra de café do Brasil. Segundo a Conab, a safra 2024/2025 deve resultar em 28 milhões de sacas, bem acima do segundo lugar que é o Espírito Santo, com 14 milhões de sacas previstas.
Das 35 regiões produtoras de café com registro de Indicação Geográfica no país, nove estão em Minas Gerais. E agora, mais uma entrou com pedido junto ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual). O projeto dos produtores da da Região Vulcânica teve o apoio do Sebrae-MG.
Um dos projetos mais recentes apoiados pelo Sebrae Minas é a obtenção do selo de Indicação Geográfica da Região Vulcânica, que abrange oito municípios mineiros e quatro paulistas.
Programação da SIC
Até sexta-feira, a SIC espera receber cerca de 20 mil participantes de 40 países e movimentar aproximadamente R$ 60 milhões. Isso porque ela serve de vitrine com a promoção do produto e a conexão do produtor com os demais elos do setor, gerando oportunidades de negócios para toda a cadeia, desde grandes cafeicultores a pequenos empreendedores.

A programação inclui ainda palestras, workshops, competições, pesquisas e degustações orientadas, além de premiações profissionais. Um desses prêmios é o Coffee of the Year, que define os melhores cafés brasileiros da nova safra. Neste ano, 570 cafés foram inscritos e 180 amostras foram selecionadas para a final – 150 da espécie arábica e as demais de canéfora.
Outro momento importante da SIC é o Campeonato Brasileiro de Barista, que escolhe o representante do país no campeonato mundial em 2025.
Café mineiro representa 15% de toda a safra brasileira
Referência na produção e comercialização de cafés, Minas Gerais é responsável por 51% de toda a safra de café do Brasil. Ao todo, são nove regiões produtoras no estado que na última década têm recebido o apoio do Sebrae Minas no desenvolvimento de projetos de qualificação e promoção do grão. O presidente do Conselho Deliberativo da instituição, Marcelo de Souza e Silva, destaca que o trabalho contribui para valorizar a atuação dos produtores, gerar novos mercados e estimular o desenvolvimento econômico e sustentável dos territórios.
“E a SIC, que acontece anualmente em nosso estado, traz uma visão diferenciada para ajudar a impulsionar esse trabalho e destacar a identidade e a origem controlada dos nossos cafés. O evento gera oportunidades para toda a cadeia produtiva em Minas Gerais, mostrando sua diversidade e olhando tanto para o mercado nacional, quanto internacional”.
Um dos projetos mais recentes apoiados pelo Sebrae Minas é a obtenção do selo de Indicação Geográfica da Região Vulcânica, que abrange oito municípios mineiros e quatro paulistas.
*Jornalista viajou a Belo Horizonte (MG) à convite da SIC.
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