A expansão ocorreria sem desmatamento, aproveitando a conversão de pastagens degradadas e áreas subtilizadas
O Brasil tem potencial para ampliar em até um terço a sua área destinada à agricultura, sem necessidade de avançar sobre áreas de floresta ou descumprir compromissos ambientais. A informação foi apresentada nesta quinta-feira, 14, pelo supervisor do grupo de pesquisa da Embrapa Territorial, Rafael Mingoti, durante a 6ª Datagro Abertura de Safra Soja, Milho e Algodão.
Segundo o especialista, hoje, o país tem cerca de 90 milhões de hectares da área nacional apta ao cultivo de culturas anuais e perenes, como grãos, frutas e café — isso após descontar terras indígenas, unidades de conservação e reservas legais. No entanto, atualmente, cerca de 60 milhões de hectares são utilizados para cultivo. A diferença de 30 milhões representa um terço da área utilizada.
Mingoti destacou que a expansão viria principalmente da conversão de pastagens degradadas, mapeadas recentemente pela Embrapa, e de áreas subutilizadas. A ação seguiria as práticas conservacionistas já adotadas por produtores brasileiros e sem repetir o modelo de abertura de áreas observado nas décadas passadas. “Estamos falando de intensificar de forma sustentável, aproveitando o que já temos e usando a ciência para elevar produtividade”, afirmou.
Ainda conforme o especialista, além da possibilidade de ampliar a área cultivada, há espaço para aumentar significativamente a produtividade, reduzindo o chamado yield gap — diferença entre a produção atual e o potencial produtivo de cada região. “Em alguns locais, como no Sul, é possível dobrar a produção de soja apenas evitando perdas por seca ou pragas, usando tecnologias que já estão disponíveis no mercado”, observou.
Apesar do potencial, o pesquisador alerta para gargalos logísticos e de armazenagem, especialmente em estados do Centro-Oeste e do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). “Produzir mais não basta se não conseguirmos armazenar e escoar. Temos regiões com grande déficit de armazenagem e problemas logísticos que precisam ser enfrentados com urgência”, alertou.