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Ameaças aos rios voadores

Eles são invisíveis, chamados de “cursos de água atmosféricos” e atingem até dois quilômetros de altura. Chegam a deslocar mais água do que o rio Amazonas, mas há problemas rondando seu futuro

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Redação Agro Estadão

07/02/2024 - 15:10

Formação de nuvens da floresta amazônica. Foto: Adobe Stock
Formação de nuvens da floresta amazônica. Foto: Adobe Stock

Fenômeno único no mundo, os rios voadores nascem na floresta amazônica e sobrevoam o continente sul-americano, levando vida para lavouras e biomas ao longo do país. Eles surgem quando a umidade gerada pela chuva coletada nas árvores recebe grandes fluxos aéreos de vapor vindos de áreas tropicais do Oceano Atlântico. E aí as árvores transpiram, jogando seu “suor” na atmosfera, formando esses imensos rios invisíveis. Um poético e constante curso de água que se estende até 3.000 quilômetros ao sul do Brasil.

Os rios voadores carregam mais água do que o maior rio do mundo, mas, assim na terra como no céu, estão ameaçados pelo desmatamento na região e também sofrem com as oscilações dos fenômenos meteorológicos El Niño e La Niña. Com La Niña provocando águas frias no Oceano Pacífico no fim do inverno de 2023, veio El Niño aumentando a temperatura da água na mesma região equatorial, o que provocou seca no Norte e Nordeste e muita chuva no Sul. Como provaram as enchentes torrenciais no Rio Grande do Sul no início de setembro do ano anterior.

Estudados por climatologistas brasileiros e pela comunidade científica mundial há 20 anos, mas ainda desconhecidos do público em geral, os rios aéreos são massas de vapores de água com volumes e fluxos impressionantes, desempenhando uma função importante no clima global, daí o impacto em sua continuidade.

“Falamos de rios porque são transportes concentrados de imensos volumes de vapores, tão constantes quanto os meandros de um rio”, afirma Aurélien Francisco Barros, jornalista franco-brasileiro que produziu o documentário “Les rivières volantes” em 2019, após sobrevoar a floresta amazônica com o piloto suíço Gérard Moss. Eles passaram longas horas “navegando” e Aurélien revela que uma única árvore libera cerca de mil litros de água por dia, ou 20 bilhões de litros considerando toda a floresta. 

Mesmo com esse grande volume, os rios voadores estão ameaçados

Um número impressionante, como tudo na Amazônia, mas, mesmo com todo esse volume, os rios voadores estão também ameaçados pelo desmatamento, já que o corte das árvores provoca a redução geral da transpiração. Em consequência, a gigantesca massa invisível diminui e muitos rios em terra poderão ficar sem água, já que também são beneficiários desse deslocamento aéreo pelo território brasileiro, provocando chuvas necessárias no Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Além de manter o equilíbrio hídrico dos rios terrestres, seus homônimos voadores alimentam os rios subterrâneos, como os do SAGA (Sistema Aquífero Grande Amazônia). E influenciam o clima global, influindo em secas históricas como as que assolaram o sul da Europa no verão de 2023 do hemisfério norte. Além disso, um estudo divulgado em 2020 por Weiming Ma, cientista atmosférico da Universidade da Califórnia, demonstrou que os rios voadores amazônicos e seus fluxos de vapor d’água estão cada vez mais se desviando para as regiões polares e provocando seu aquecimento, afetando sobretudo a Antártica.

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