Com menor demanda hídrica e sem necessidade de tingimento químico, o algodão colorido é uma solução ecológica e lucrativa para o agronegócio brasileiro
O algodão é uma das principais culturas agrícolas do mundo, essencial para a indústria têxtil e um motor econômico em várias regiões.
E com a colheita de mais de 3,7 milhões de toneladas na safra de 2023/2024, o Brasil tornou-se o maior produtor de algodão do mundo.
Dentro desse universo, o algodão colorido surge como uma alternativa sustentável e promissora, que combina menor impacto ambiental com potencial econômico significativo.
O cultivo da pluma começou há milhares de anos, com registros de produção em civilizações antigas como a do Egito, da Índia e dos povos pré-colombianos da América.
O algodão colorido tem origens especialmente notáveis entre as comunidades indígenas da América Central e do Sul, que há séculos utilizavam variedades naturalmente pigmentadas.
Com a modernização da agricultura, o algodão colorido foi, por um tempo, deixado de lado em prol do algodão branco, que é mais fácil de tingir e processar em larga escala. O ressurgimento da variedade como alternativa sustentável ganhou força nas últimas décadas.
Pesquisadores e produtores perceberam que, além de dispensar tinturas químicas, essas variedades eram mais resistentes e adaptadas a certas condições climáticas, reduzindo a necessidade de insumos químicos.
Globalmente, o algodão colorido é produzido em menor escala em comparação ao algodão branco. Países como Peru e Índia mantêm tradições de cultivo de algodão colorido, especialmente em regiões onde práticas agrícolas sustentáveis são valorizadas.
Nos últimos anos, novas iniciativas têm surgido para ampliar a produção em áreas com clima favorável e histórico agrícola.
No Brasil, a Paraíba é a principal produtora de algodão colorido, com condições de solo e clima ideais para o cultivo. E devido à relevância cultura e econômica ao estado, o algodão colorido também se tornou um patrimônio imaterial da Paraíba em 2022.
A Embrapa Algodão tem sido uma das líderes na pesquisa e no desenvolvimento de variedades de algodão colorido, que já são cultivadas em tons de marrom e verde.
Essas variedades se destacam por sua resistência a pragas e menores exigências de água, aumentando a viabilidade econômica para pequenos e médios produtores.
Organizações como a Cooperativa dos Produtores de Algodão do Estado da Paraíba (Copagre) têm apoiado a comercialização, garantindo um mercado justo e incentivando práticas agrícolas sustentáveis.
Existem diversas variedades de algodão colorido, com cores que vão desde tons terrosos até verdes suaves. Cada uma possui características específicas, como resistência a pragas e alta produtividade. O algodão marrom é um dos mais comuns, seguido pelo verde, ambos apreciados por indústrias que buscam produtos naturais e sustentáveis.
A versatilidade do algodão colorido permite seu uso em diversos segmentos da indústria têxtil. Além de roupas e acessórios, é comum ver ser aplicado em artesanato e produtos de higiene pessoal, como toalhas e fraldas.
Marcas sustentáveis, como as que participam de feiras ecológicas, utilizam esse algodão em suas coleções para promover produtos éticos e de menor impacto ambiental.
O cultivo do algodão colorido difere em alguns aspectos do algodão branco convencional, especialmente em relação às práticas sustentáveis que são a base dessa produção.
O primeiro passo para o cultivo bem-sucedido é a escolha do solo. Ele deve ser bem drenado, fértil e com pH entre 5,5 e 6,5.
Antes do plantio, recomenda-se a análise do solo para identificar a necessidade de correções, como calagem, que ajuda a ajustar a acidez e garantir um ambiente propício para o desenvolvimento da planta.
O algodão colorido prospera em regiões de clima quente e seco, características encontradas no Nordeste brasileiro, especialmente na Paraíba. Mas em outras regiões, como São Paulo, a cultura também vem ganhando espaço.
A temperatura ideal para o cultivo varia entre 25°C e 35°C, e a planta necessita de alta luminosidade para uma fotossíntese eficiente.
O plantio de algodão colorido pode ser realizado manualmente ou com o uso de maquinário específico. No entanto, é essencial manter um espaçamento adequado entre as plantas (cerca de 80 cm a 1 metro) para garantir que cada planta receba luz e nutrientes suficientes.
Sementes de qualidade e certificadas são cruciais para o sucesso do cultivo. Em regiões onde se pratica a agricultura orgânica, o uso de sementes não tratadas quimicamente é uma exigência.
Como em qualquer cultura, a água é o principal pilar para o cultivo. O uso de sistemas de irrigação por gotejamento é recomendado, pois permite um fornecimento controlado e eficiente de água, minimizando o desperdício e o impacto ambiental.
Além disso, essa técnica ajuda a evitar o encharcamento do solo, que pode ser prejudicial às raízes e aumentar o risco de doenças. Em períodos de estiagem prolongada, a irrigação precisa ser ajustada para garantir a hidratação das plantas sem comprometer os recursos hídricos locais.
O algodão colorido é conhecido por sua maior resistência a algumas pragas comuns ao algodão branco, mas isso não elimina a necessidade de um manejo cuidadoso.
O controle de pragas deve priorizar métodos biológicos, como o uso de predadores naturais e bioinseticidas à base de extratos vegetais, para evitar a dependência de pesticidas químicos.
Pragas como lagartas e percevejos podem ser manejadas com o uso de armadilhas e monitoramento constante da plantação.
Para produtores que desejam certificar seu algodão como orgânico, é imprescindível seguir normas que proíbem o uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos.
A certificação orgânica não apenas agrega valor ao produto, mas também atende a uma crescente demanda do mercado por produtos sustentáveis e ecologicamente corretos.
O uso de compostagem e adubos naturais são práticas comuns, promovendo a saúde do solo e reduzindo a necessidade de insumos externos.
Além disso, produtores podem se beneficiar de incentivos governamentais e programas de apoio à agricultura sustentável. Esses incentivos ajudam a reduzir custos e a expandir a infraestrutura necessária para uma produção mais eficiente.
Em comparação ao algodão convencional, o algodão colorido requer menos água e praticamente elimina a necessidade de tinturas químicas na etapa de processamento, o que reduz o impacto ambiental geral da produção.
Embora a produtividade possa ser menor do que a do algodão branco em alguns casos, os custos menores com insumos e a valorização no mercado por ser um produto diferenciado compensam essa diferença.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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