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Terraceamento: o que é e como funciona a técnica agrícola
Terraceamento é a solução para um dos principais problemas das terras agrícolas brasileiras
3 minutos de leitura 04/04/2022 - 11:00
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O terraceamento é a principal técnica sustentável para combater o maior problema da agricultura brasileira: a erosão hídrica. O Brasil deixa de ganhar R$ 2,1 bilhões por ano por conta da perda de macronutrientes no solo, de acordo com a estimativa de um experimento realizado no Centro Experimental de Campinas (CEC) do Instituto Agronômico (IAC).
Até mesmo outras práticas de conservação de solo, como o sistema de plantio direto, precisam de terraceamento. A cobertura com palha seca, por exemplo, dificulta o processo, mas não impede que a água carregue parte dos nutrientes da terra em caso de excessos de chuvas. Um manejo correto do terreno pode funcionar como barreira física e evitar perdas.
O sistema de terraceamento pode ser implantado mais facilmente com o uso de novas tecnologias, como monitoramento por satélite e ferramentas digitais. No cultivo de café, em que a mão de obra é responsável por mais da metade do custo de produção, a técnica agrícola permite a mecanização parcial ou total do cultivo e do processo da safra.
O que é terraceamento?
O processo de terraceamento utiliza escavação e movimentação da camada superficial do sulco para formar terraços adequados ao cultivo. A prática permite a retenção da água em cada camada, reduzindo sua velocidade ao descer morro abaixo, possibilitando uma distribuição mais uniforme em cada nível.
Na implantação do sistema, são construídas estruturas transversais no sentido do maior declive do terreno. Cada terraço tem um canal coletor, de onde é retirado o solo, e um dique, construído com o solo movimentado e que têm como função reter, infiltrar e até escoar lentamente a água da chuva para outros terraços ou áreas.
Na prática, o terraceamento reduz a área que a enxurrada desceria livremente pela encosta, dividindo a colina em várias menores. Como o caminho percorrido pela chuva é controlado e menos íngreme, a força da água gerada pela gravidade é menor. Dessa forma, o sistema evita a formação de sulcos que provocam a erosão do solo.
Para que serve o terraceamento?
O terraceamento serve para interceptar a água em determinados locais a fim de distribuí-la através de canais e terraços. Além de permitir a redução da velocidade de escoamento da água superficial e controlar a erosão, o sistema contribui para a recarga de aquíferos e o retardamento do aporte de agroquímicos aos mananciais hídricos.
O terraço também aumenta a capacidade de cultivo, o que permite uma maior produtividade da área em campos inclinados. A técnica também reduz a sedimentação e a poluição da água, pois oferece tempo para as partículas pesadas se assentarem, mas não o suficiente para prejudicar as plantações com o depósito de sedimentos.
O sistema deve ser combinado com outras práticas sustentáveis para garantir uma ação conservacionista da lavoura mais ampla, tanto de conservação do solo — como a cobertura com palhada, calagem e adubagem balanceadas — quanto de cultivo, a exemplo de rotação de culturas, planos de cultura e cultivo em nível ou em contorno.
Em quais situações o terraço pode ser aplicado?
O terraceamento é aplicado geralmente em regiões montanhosas, encostas suaves ou terrenos ondulados. No entanto, a técnica também pode ser utilizada com eficiência em propriedades consideradas mais amplas, desde que haja um mínimo de diferença de elevação que permita a movimentação da água.
Cada terreno demanda a implantação de uma estrutura de terraço diferente. Áreas mais íngremes com solos de boa permeabilidade, como latossolos, nitossolos e arenosos, necessitam interceptar enxurradas. Nesse caso, o recomendável é implantar um terraço de retenção ou infiltração, construído em nível com as bordas bloqueadas.
Já os solos com permeabilidade moderada ou lenta, como cambissolos, argissolos e neossolos litólicos, devem receber um terraço em gradiente ou desnível, de escoamento ou de drenagem. A estrutura deve ter um pequeno desnível que escoa o excesso de água lentamente para fora da área protegida.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Earth Observing System (EOS), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
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