Economia

Comitiva busca abrir novos caminhos para o Agro brasileiro na Índia

Grupo liderado por Geraldo Alckmin vai levar pautas do setor, com o objeto de ampliar as exportações para o país asiático

O agronegócio brasileiro desembarca em Nova Deli, na Índia, levando na bagagem a esperança de avançar em pelo menos três pautas relacionadas ao setor. Um dos focos está na flexibilização para a carne de frango e na a expansão de um mercado que vem crescendo nos últimos tempos. 

A comitiva, que iniciou a bateria de reuniões nesta quarta-feira, 15, é capitaneada pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. Também conta com representantes de outras pastas, como o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que escalou o secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais, Marcel Moreira. 

Uma das missões dele será iniciar as conversas para uma cota de carne de frango para a Índia com tarifas mais atrativas. O país asiático impõe uma tarifa de 30% para o frango inteiro e de 100% para os cortes, como peito ou asa, por exemplo. A argumentação passa pelo nicho de mercado no qual o Brasil está de olho. 

“A ideia é que a gente possa conseguir algum acesso, uma cota com uma tarifa diferenciada, ou coisa que o valha. O grande mercado que você tem na Índia hoje, que o Brasil poderia acessar e sem atrapalhar a produção local, seria basicamente no Horeca, que são hotéis, restaurantes e caterings. Só que o cara não vai comprar um frango inteiro [que tem tarifa menor]. Ele já quer as partes do frango”, explicou ao Agro Estadão o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua. 

O chefe da relações internacionais do Mapa pondera que isso deve ser feito dentro de um acordo mais amplo com outros setores. Ele também acredita que “não é algo para se obter nesse momento”, já que a visita do Brasil deve marcar um “relançamento das negociações” com a Índia. 

Feijão no prato e na pauta

Outro assunto, porém mais adiantado nas tratativas, é a abertura de um novo mercado. A Índia já é a maior compradora de feijão brasileiro. De janeiro a setembro, o Brasil exportou mais de 207 mil toneladas do grão para os indianos, o que é 57,7% de todo o volume, de acordo com dados da plataforma Comex Stat, do MDIC Em comparação com todo o ano de 2024, o acumulado de 2025 já é 24,4% maior. 

A maior parte desses embarques é de feijão-mungo. Agora, o Brasil tenta avançar com o feijão guandu. “Esse tipo é muito consumido lá. Então, seria um potencial bastante importante. Eu te falei, 70% que a gente exportou de feijão esse ano foi para a Índia. Ainda não dá para a gente dizer se vai ser aberto ou não. Mas a nossa expectativa é de que a coisa possa avançar”, completou o secretário. 

Além do feijão, outro item para o qual o Brasil busca uma abertura de mercado são produtos para animais domésticos. 

Revisão do acordo entre Mercosul e Índia

A pauta mais geral da visita do vice-presidente deve ser a intensificação por uma reformulação do Acordo de Comércio Preferencial entre o Mercosul e a Índia. A intenção da parte agropecuária é incluir o setor nos artigos do documento. “Nós queremos ampliar o escopo do acordo de cooperação econômica que nós temos, porque hoje não inclui nenhuma linha, do capítulo 1 ao capítulo 24, sobre os produtos agropecuários”, comentou. 

Isso passaria também por uma revisão dos itens que têm o benefício das taxas preferenciais. Atualmente, apenas 450 produtos de diferentes setores da economia estão previstos no acordo.