Diminuição é vista como possibilidade nas negociações; com o cenário, agro brasileiro defende diversificação de mercados
Em vez de quadruplicar as compras de soja dos Estados Unidos (EUA), a China pode reduzir a tarifa de importação. Essa é a avaliação de Larissa Wachholz, senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).
Na visão da especialista, há poucas chances, neste momento, de o governo asiático atender à expectativa do presidente Trump, conforme ele publicou em rede social. “A redução da tarifa de importação da soja dos EUA pode ser uma medida, ainda que não haja um atendimento ao pedido de Trump”, destacou Wachholz, durante o 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio (Abag).
Em sua fala, a senior fellow do CEBRI lembrou que, atualmente, os chineses respondem por cerca de 70% das exportações brasileiras de soja. Em contrapartida, Pequim compra entre 20% e 25% da soja norte-americana, representando metade dos embarques dos EUA.
Para o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, mesmo que o presidente dos EUA queira quadruplicar eventualmente a oferta para atender a China, não há espaço físico para fazer isso. “A gente vive agora, chegou o momento, uma espécie de hora da verdade, que é o problema das limitações físicas do planeta, daqueles que têm capacidade de expandir de forma sustentável a oferta, de tal modo, obviamente, atender mercados que são demandantes”, afirmou durante coletiva de imprensa.
Outro aspecto apontado é a armazenagem. Francisco Matturro, diretor da Abag, lembrou que, caso a China compre mais dos EUA e o Brasil venda menos aos asiáticos, não teremos espaço para alocar o excedente do produto no mercado interno. “O Brasil tem um problema, que, se isso acontecer, com os Estados Unidos vendendo mais para a China. Temos um déficit de armazenagem na ordem de 7,24 milhões de toneladas para grãos. Então, não tem onde armazenar e também não tem como consumir mais do que a gente já consome aqui”, apontou.
Segundo ele, o caminho para esse possível gargalo e outros é a diversificação de mercado. Esse aspecto é igualmente defendido por Larissa. “O Brasil precisa fazer parcerias com países que querem fazer parceria conosco. […] A gente precisa buscar vantagens naqueles que querem trabalhar conosco, principalmente em aspectos logísticos, e desenvolver o maior número de mercados possíveis”, salientou Wachholz.
Um mercado potencial é o Oriente Médio. Isso ocorre, conforme o dirigente da Abag, porque os produtos comprados pelos países do continente são processador, ou seja, vão direto do freezer ao forno. “Isso é um ponto importantíssimo”, disse. No entanto, ele salientou que esse processo não ocorre da noite para o dia. “É um processo longo e de maturação”, acrescentou.