Plantio nos EUA, colheita na Argentina e câmbio são destaques para o agro no mês de maio; Marcos Fava Neves lista os temas
Em meio ao turbilhão da tragédia que assola o Rio Grande do Sul, é impossível não se comover com o drama de quem perdeu tudo – sem falar nos mortos e desaparecidos.
Enquanto os prejuízos na agropecuária gaúcha são estimados e ainda deverão ser contabilizados, os olhares dos produtores rurais também miram o cenário internacional.
O especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio e colunista do Agro Estadão, Marcos Fava Neves, listou o que considera relevante no momento. Confira!
1 – Safra dos Estados Unidos: O plantio da mega safra de grãos 2024/25 nos Estados Unidos, recém-iniciado. Acompanhar o progresso das operações é essencial neste início de ciclo, para entender se teremos algum atraso e, consequentemente, impactos de clima/operações que possam reduzir a oferta. Além disso, com o avanço no plantio, teremos maior precisão quanto a área final de soja, milho e algodão no país, fator que pode afetar diretamente o mercado nesse momento de definições.
2 – Segunda safra de milho: Acompanhar o progresso e avanço da 2ª safra de milho no Brasil. Mesmo com os ajustes recentes na oferta (em virtude da área menor), os campos vêm se desenvolvendo bem – desconsiderando a tragédia no Rio Grande do Sul. Ainda assim, vale lembrar que a transição do El Niño para La Niña traz algumas incertezas quanto a possibilidades de mais eventos climáticos no resto do país, como veranicos ou geadas. É preciso acompanhar atentamente a evolução do clima sobre a segunda safra.
3 – Argentina: Final do ciclo de soja/milho e início da colheita na Argentina. Muito dificilmente teremos um grande impacto na oferta nesse momento. Em se tratando de uma “superprodução”, qualquer ajuste pode surtir efeito no mercado. Vamos acompanhar os resultados.
4 – Agrishow 2024: Acompanhar os resultados e movimentações pós- feira nos ajuda a entender o comportamento dos agricultores quanto a investimentos (não só na área de máquinas/implementos), o termômetro do mercado quanto ao próximo ciclo, e as discussões relativas a crédito e recursos financeiros para 2024/25.
5 – Câmbio: Por fim, é indispensável acompanharmos o câmbio! Em meados de abril, o dólar chegou a R$ 5,29, e segue se sustentando acima dos R$ 5,20, com as ocorrências internacionais (guerras e conflitos) e o governo indicando uma mudança na política econômica e meta fiscal. Apesar da alta ser bem-vinda para a venda, muitos produtores já estão negociando insumos para 2024/25; custos podem ficar maiores. Momento de olhar diariamente para as variações, a fim de tomar a melhor decisão e aproveitar o câmbio desvalorizado para vender antecipadamente.