Cotações
EUA vão plantar mais milho do que soja na safra 2025/26, aponta USDA
Produção do cereal norte-americano deve crescer 5% e atingir recorde histórico, mas depende do cenário climático

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com | Atualizada às 13h26
27/02/2025 - 12:53

Como esperado pelo mercado agrícola, os produtores norte-americanos devem plantar mais milho do que soja na safra 2025/26. As projeções foram divulgadas nesta quinta-feira, 27, durante o fórum anual de perspectivas agrícolas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
A área plantada de milho está prevista em 94 milhões de acres, um aumento de 3,4 milhões em comparação com o ano anterior. Já a produção do grão está projetada em um recorde de 15,5 bilhões de bushels, um aumento de aproximadamente 5% em relação ao ano anterior. O rendimento esperado é de 181 bushels por acre, baseando-se em um progresso normal no plantio e condições climáticas típicas durante o verão.
Segundo o relatório, o uso total de milho nos Estados Unidos (EUA) para 2025/26 está projetado como o maior da história, com crescimento no consumo doméstico sendo parcialmente compensado por exportações menores. A previsão é de um recuo de 50 milhões de bushels nos embarques norte-americanos, totalizando 2,4 bilhões, “devido à expectativa de redução da participação dos EUA no mercado global, diante do aumento das exportações da América do Sul”.
Menos soja
Em relação à soja, a produtividade deve aumentar 1,8 bushel por acre, alcançando 52,5 bushels por acre na safra 2025/26. De acordo com as projeções do USDA, esse aumento no rendimento será amplamente compensado pela redução da área plantada, que deve cair 3,1 milhões de acres, totalizando 84,0 milhões. A produção total esperada é de 4,3 bilhões de bushels.
As exportações de soja dos EUA para 2025/26 estão projetadas em 1,8 bilhão de bushels, um aumento de 40 milhões em relação à previsão para 2024/25. Com o aumento das exportações e do esmagamento, os estoques finais de soja nos EUA para 2025/26 devem ficar em 320 milhões de bushels, uma queda de 60 milhões em relação à previsão de 2024/25.
Apesar dos estoques menores, a abundância global de oferta continuará pressionando os preços da soja, informa o USDA. O preço médio da soja na fazenda está projetado em US$ 10,00 por bushel, uma queda de US$ 0,10 em relação ao ano anterior.
Rentabilidade dita decisão dos agricultores nos EUA
Segundo a consultoria Markestrat, a preferência do agricultor norte-americano pelo milho indica alguns pontos a serem observados. O primeiro é que o milho é mais rentável para os produtores norte-americanos do que a soja, uma vez que, o cereal é a principal matéria-prima para a produção de etanol nos EUA — maior produtor mundial de etanol de milho — o que torna a cultura mais atraente para os produtores.
Em segundo lugar, o milho está sendo favorecido devido à boa perspectiva de preços para 2025, um fator determinante para os produtores americanos. “Como o produtor americano tem uma única safra, é natural que ele priorize a safra que tem o maior potencial de rentabilizar o investimento dele”, afirma José Carlos de Lima, analista da Markestrat.
A consultoria ressalta, no entanto, que o milho é uma cultura mais intensiva no uso de fertilizantes nitrogenados, como amônia e ureia, então, os agricultores tendem a observar o custo de produção, especialmente se houver tensões comerciais envolvendo os EUA e seus principais fornecedores, como o Canadá. “A alta nos preços dos fertilizantes, como ocorreu em 2022 devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia, pode impactar a decisão dos produtores, que, naquele ano, priorizaram a soja devido ao seu menor custo com insumos nitrogenados”, pontuou Lima.
A Markestrat alerta que, apesar das projeções, as condições climáticas devem ser acompanhadas. Atualmente, a região produtora de milho nos EUA enfrenta um inverno rigoroso, e, caso a neve persista por mais tempo, a janela de plantio dos agricultores pode ser afetada. “A partir do instante que você tem uma indefinição de clima, isso pode impactar diretamente a perspectiva dessa área a ser cultivada”, afirma José.
Cotações
Diante dos dados, as cotações operam em caminhos opostos. Por volta de 11h47, todos os contratos do milho na bolsa de Chicago recuaram perante os sinais de maior oferta do grão. O vencimento para maio/25, desvalorizou-se 1,70%, a US$ 4,85 o bushel.
Com sinal inverso, a soja registrava ganhos. O contrato da oleaginosa para março/25 subia 0,33%, a US$ 10,28 o bushel.
Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Cotações
1
EUA vão plantar mais milho do que soja na safra 2025/26, aponta USDA
2
Preço do milho em alta: o que esperar para os próximos meses?
3
Soja recua mais de 4% no mercado doméstico em fevereiro
4
Preços da alface e da batata caem no atacado em janeiro, aponta Conab
5
Carne bovina: preços recuam no atacado em São Paulo
6
Conseleite: preço do leite projetado para fevereiro no RS é de R$ 2,5058 o litro

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Cotações
Preço do frango sobe mais de 3% em março
Maior poder de compra resultou em demanda aquecida na primeira quinzena do mês

Cotações
Laranja volta a subir após recuo em fevereiro
Oferta de frutas pequenas e o calor excessivo têm elevado os preços

Cotações
Cepea: exportações de carne suína batem recordes para fevereiro
Animal vivo e carne se desvalorizaram nos primeiros dias de março

Cotações
Fator climático pesa e preços do café arábica oscilam
Cepea alerta que mercado deve estar atento aos impactos do tempo quente e seco na safra 2025/26
Cotações
Arroz: importação em fevereiro atinge maior volume em oito anos
Movimento foi estimulado pelo preço médio que caiu ao menor nível em dois anos, diz Cepea
Cotações
Terminal Portuário de São Luís já pode exportar milho à China
Terminal também tem habilitação para exportar soja ao país asiático
Cotações
Preço da melancia sobe 8,8% diante de oferta restrita
Cotações devem seguir em alta nos próximos dias, indica o Cepea
Cotações
Escassez do açúcar branco eleva cotações no mercado paulista
No etanol, diante da baixa procura, os preços recuaram levemente