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Clima, guerra e juros interferem no mercado agropecuário brasileiro, aponta relatório

O ano de 2024 promete ser desafiador para o setor agropecuário nas questões climáticas, políticas e econômicas

4 minutos de leitura

07/02/2024 | 15:13

Por: Letícia Luvison | leticia.flores@estadao.com

Cotações commodities bolsa de valores
Especialista analisa cenário para agro brasileiro e principais commodities. Foto: Adobe Stock

O ano de 2024 promete ser desafiador para o setor agropecuário, segundo o Painel de Conjuntura do FGV Agro de fevereiro. O documento aponta questões climáticas, políticas e econômicas com potencial de influenciar o preço das commodities no mercado global.

Os desafios climáticos estão diretamente relacionados ao fenômeno do El Niño. As previsões indicam escassez hídrica e temperaturas acima de média em uma fração significativa das lavouras e pastagens brasileiras, notadamente na região centro-norte do país. Como consequência, claramente haverá redução da produtividade de diversas culturas, atrasos e replantios com os consequentes impactos, seja nos custos, no calendário de comercialização (no caso, atraso acima de média) e descasamento na estrutura logística.

Segundo Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro, os conflitos entre Rússia e Ucrânia, Israel e Hamas, além dos atritos envolvendo China e o Ocidente e as instabilidades no Oriente Médio, ainda trazem riscos políticos, que refletem no cenário. “Naturalmente, esses choques influenciam os mercados de commodities e de ativos financeiros e desembarcam nos mercados agropecuários principalmente na forma de maior volatilidade”, afirma. 

Por fim, com a inflação desacelerando mais rapidamente que os juros, a taxa de juros real, especialmente nos Estados Unidos, deve se manter em patamares elevados. “Isso faz com que, naturalmente, os recursos migrem para os títulos americanos em detrimento dos ativos atrelados às commodities, que estão registrando, consequentemente, queda em suas cotações”, alerta Serigati. 

Abaixo, veja a análise para cada uma das principais culturas.

  • Milho: uma redução de 10,9% na produção é esperada, ocasionada pela queda da área plantada do milho 2a safra, afetada pelo atraso no plantio da soja, e de preços e margens mais baixas. A produtividade deverá ser 5,6% mais baixa em função das incertezas climáticas durante o desenvolvimento da lavoura. Todavia, as chuvas de janeiro e a redução da intensidade do El-Niño podem reverter parte da projetada perda de produtividade. Esse cenário aumenta a incerteza sobre as cotações dessa commodity.

  • Soja: Apesar do aumento da área plantada em quase 1,2 milhão de hectares, estimativas apontam para uma safra menor que a anterior (foram 154,6 milhões de toneladas), em função dos problemas climáticos enfrentados durante o plantio e desenvolvimento das lavouras. No balanço mundial, a recuperação da safra argentina compensará uma redução na safra brasileira. Ainda assim, o clima mais favorável do início do ano poderá favorecer os replantios mais tardios e trazer uma produção adicional para a safra. Naturalmente, isso sustenta um cenário ainda baixista para as cotações.

  • Algodão: aumento da área (6,2%) em função (i) de preços melhores, (ii) da redução da área de milho 2a safra e (iii) do atraso no plantio da soja. Mesmo sem crescimento projetado no volume de pluma a ser produzido, o Brasil deverá ocupar o terceiro lugar no ranking de maiores produtores mundiais da fibra, ficando atrás somente da China e da Índia. A rentabilidade do algodão ajudará parte dos produtores a reduzir o prejuízo incorrido com a soja.

  • Café: apesar dos riscos associados à seca, a perspectiva é favorável para as exportações brasileiras em 2024. De um lado, puxada pela café arábica, a produção brasileira deve crescer 5,9% na safra 2024. Devido ao El Niño, a safra do conilon deve ter sua produtividade comprometida. De forma análoga, no cenário mundial, também devido ao El Niño, a oferta de café robusta está prejudicada no leste asiático, notadamente, na Indonésia e no Vietnã. Por si só, esses fatores já aqueceriam a demanda pelo café brasileiro, porém, os problemas logísticos no Mar Vermelho e no Golfo de Aden têm elevado os custos para transportar os cafés do leste asiático para o mercado europeu, favorecendo os produtos das Américas.

  • Cana-de-açúcar: é esperado um aumento de 10,9% na produção de açúcar na safra 2024/2025. Além disso, a perspectiva é de que a próxima safra seja mais açucareira devido à sustentação das cotações do açúcar. O clima adverso tem afetado a produção da Índia e da Tailândia. Além disso, o governo indiano suspendeu temporariamente a autorização para exportações de açúcar, pressionando ainda mais os preços no mercado internacional.

  • Carne Bovina: expectativa de aumento da produção em 2,6%. Cenário favorável para as exportações brasileiras, que devem ser beneficiadas pela manutenção da demanda chinesa, aumento das compras do Chile e redução da oferta dos Estados Unidos. O mercado interno ainda pode se mostrar como um fator limitante para a recuperação do valor da arroba. Por fim, os pecuaristas podem ter problemas com qualidade das pastagens devido à escassez hídrica na porção centro-norte do país provocada pelo El-Niño.

Fonte: FGV Agro – FEVEREIRO DE 2024

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