Opinião

Governo contempla parte de demanda do setor no Plano Safra

O lançamento do Plano Safra 25/26 trouxe uma série de medidas voltadas à sustentação da produção agropecuária nacional, com destaque para o fortalecimento das linhas de crédito destinadas à agricultura familiar e empresarial 

Entre os avanços do anúncio, está a possibilidade de pequenos produtores acessarem recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), mesmo que já estejam utilizando financiamentos do próprio Plano Safra, pleito da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) ao ministro da Agricultura Carlos Fávaro, e ao secretário de Política Agrícola do Mapa, Guilherme Campos. Isso representa um importante reforço de caixa para custeio e comercialização, sobretudo em um momento de alta volatilidade nos mercados.

O incentivo à cafeicultura familiar, através da liberação simultânea desses dois instrumentos, é um reconhecimento à importância dos pequenos cafeicultores na geração de renda e na manutenção de empregos em diversas regiões produtoras do país. A medida também atende uma antiga demanda do setor, que via no acesso limitado ao crédito um dos principais entraves para o crescimento e modernização da atividade cafeeira de base familiar. Além disso, o novo Plano contempla um volume expressivo de recursos destinados à agricultura de baixo carbono e à adoção de práticas sustentáveis, reforçando a agenda ambiental do agronegócio brasileiro.

Apesar dessas sinalizações positivas, produtores rurais demonstram crescente preocupação com as altas taxas de juros para contratação de crédito. Em muitos casos, o custo efetivo total das operações tem se tornado impeditivo, especialmente para pequenos e médios agricultores que dependem do financiamento para custear a safra ou investir em tecnologia. O crédito mais caro pode comprometer a competitividade do setor, ao restringir o acesso a insumos, à mecanização e ao manejo adequado das lavouras.

Outro ponto crítico é a redução dos recursos disponíveis para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), o que tem gerado insegurança entre os produtores. Com menor capacidade de contratação do seguro agrícola, muitos estão expostos a riscos climáticos severos — como geadas, estiagens ou chuvas intensas — sem a devida proteção financeira. A diminuição da subvenção coloca em xeque a continuidade da atividade produtiva em determinadas regiões e afeta diretamente a capacidade de recuperação de perdas em caso de eventos extremos.

Dessa forma, embora o novo Plano Safra represente avanços pontuais e responda a demandas relevantes de segmentos estratégicos como a cafeicultura familiar, ele ainda enfrenta limitações importantes no que se refere ao custo do crédito e à gestão de riscos. O cenário exige não apenas ajustes nas políticas de financiamento, mas também uma abordagem mais robusta e articulada, com um plano de médio e longo prazos, para garantir previsibilidade, segurança e capacidade de investimento ao produtor rural brasileiro.