Ministros africanos fazem visita ao Brasil e recebem promessas de cooperação
Desde segunda-feira, 19, ministros da Agricultura de diferentes países africanos visitam o Brasil durante um evento para tratar de segurança alimentar e aumentar a cooperação com o continente. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já externou o desejo de aumentar o intercâmbio entre os dois lados do Atlântico e isso pode começar por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O centro de pesquisa vai enviar um pesquisador para ficar alocado em Adis Abeba, na Etiópia. A iniciativa foi confirmada pelo próprio ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, durante o último dia da visita das delegações.
Além disso, Fávaro anunciou que o Mapa irá firmar nesta quinta-feira, 22, nove acordos com diferentes nações africanas. “Serão seis memorandos de entendimentos que serão assinados com Benin, com Costa do Marfim, Etiópia, Nigéria, Quênia, dois acordos sanitários [aberturas de mercado] com Benin e Mali, além de um termo de cooperação que pretendemos construir com Angola para que produtores brasileiros e angolanos ampliem a produção de alimentos e proteínas”, comentou o ministro brasileiro.
Os atos foram assinados no encerramento do evento, execeto o de cooperação com a Angola, que deve ser firmado nesta sexta-feira, 23. Isso porque o presidente angolano, João Manuel Gonçalves Lourenço, está no Brasil e se encontrará com Lula no Palácio do Planalto. A cerimônia prevê um momento de assinatura de atos entres os dois países.
As aberturas de mercado são:
O acordo para concretizar a representação na empresa na África também foi assinado nesta quinta-feira, 22. O ato foi firmado entre Embrapa e o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, que está implementando um escritório em Adis Abeba, sede da União Africana. O acordo prevê a alocação de um pesquisador da empresa neste escritório. Segundo Fávaro, o nome escolhido foi o de José Ednilsom Miranda. De acordo com seu currículo, o pesquisador da Embrapa Algodão já atuou em projetos de cooperação Sul-Sul no continente africano.
Nos últimos dias, as delegações visitaram diferentes locais. Na segunda, Lula fez a recepção das comitivas no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF). Na terça-feira, 20, os ministros da agricultura estiveram na Unidade Armazenadora da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), também em Brasília. Na quarta-feira, 21, as comitivas viajaram para Petrolina (PE) para conhecer a unidade da Embrapa Semiárido, além de fruticultores e projetos de piscicultura da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
A quinta foi reservada para a apresentação de painéis. Na abertura do dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve no evento que aconteceu no Itamaraty. Ele ressaltou a vontade brasileira de aumentar a influência no continente. “Entre 2020 e 2050, o continente deverá representar mais de 60% do crescimento populacional mundial, com 20 milhões de jovens ingressando anualmente no mercado de trabalho. Além disso, possui 60% das terras aráveis disponíveis globalmente. Para aproveitar esse potencial, são necessários investimentos em energia, infraestrutura e soluções digitais, áreas nas quais o Brasil tem experiência reconhecida”, destacou o ministro.
No primeiro painel do dia, o ministro da Agricultura também reforçou a intenção de transferir tecnologia. Fávaro lembrou que a Embrapa foi responsável por transformar o Brasil de um país importador de alimentos para exportador, mas disse que esse processo de melhoramento demorou meio século.
“Se importamos de vocês a origem e as variedades dos capins usados nas nossas produções, nas nossas pastagens, e hoje também temos o melhoramento genético desse capim e também o melhoramento genético do bovino, queremos devolver esse melhoramento para que vocês possam não perder tempo, não precisa de 50 anos para pesquisar e desenvolver, graças à similaridade que temos, é só transferir e adaptar essas tecnologias”, afirmou.
Ele também voltou a falar sobre o programa de recuperação de pastagens. O Brasil pretende recuperar cerca de 40 milhões de hectares de áreas degradadas. “Para onde o Brasil pretende crescer com a sua agropecuária? Foi fundamental o desenvolvimento e a descoberta de tecnologias para cultivar solos inóspitos em regiões não tão favorecidas como puderam ver o semiárido ontem lá em Petrolina. Mas nós não precisamos mais avançar sobre a floresta, sobre áreas de proteção naturais, sobre o cerrado”, comentou.