Nem toda flor tem perfume: adaptabilidade e polinização
A ausência de perfume não impede a polinização: cores vibrantes e formas específicas assumem o papel de atrair insetos e aves.
By: Fabiana Bertone
O aroma
O perfume floral é o resultado da liberação de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs). Estas moléculas evaporam facilmente, dispersando a fragrância e agindo como um sinal químico para atrair os polinizadores certos.
Função biológica
A função primária do aroma é evolutiva, funcionando como um guia olfativo preciso para direcionar abelhas, borboletas, ou morcegos ao néctar ou pólen. Isso aumenta as chances de uma polinização bem-sucedida.
Estratégias sem cheiro
Muitas plantas dispensam o aroma, optando por estratégias como a anemofilia (polinização pelo vento). Carvalhos e gramíneas, por exemplo, liberam pólen leve em grandes quantidades, dependendo das correntes de ar.
Beleza visual
A polinização visual é uma alternativa comum. Flores como ipês e quaresmeiras investem em cores vibrantes, formas específicas e padrões ultravioleta para atrair insetos, compensando a falta de fragrância.
Perfumes incomuns
Algumas flores, como a Rafflesia arnoldii, produzem odores que imitam carne em putrefação. Este cheiro fétido é uma estratégia para atrair moscas e besouros necrófagos, garantindo a polinização eficiente.
Fatores de variação
Fatores genéticos e ambientais como temperatura, umidade e nutrientes influenciam diretamente a produção de COVs, podendo alterar a intensidade do perfume de uma flor ou causar sua ausência completa.
Percepção humana
A capacidade olfativa humana é variável. Anosmia (perda total) e hiposmia (redução) alteram a experiência. A não percepção de um aroma não significa que ele não exista, mas sim uma incompatibilidade sensorial.