Tecnologia que muda de cor

Pesquisadores da Embrapa criaram uma embalagem revolucionária que muda de cor quando o peixe começa a estragar. A inovação utiliza nanofibras com pigmentos do repolho roxo para monitorar a qualidade sem abrir o pacote, garantindo maior segurança alimentar.

Matheus Falanga/Embrapa

Como funciona  a embalagem

A tecnologia é uma nanofibra feita com polímeros biodegradáveis e antocianinas do repolho roxo. Estas substâncias alteram sua coloração quando detectam compostos liberados pelos alimentos em deterioração, sinalizando visualmente o estado do produto.

Matheus Falanga/Embrapa

Do roxo ao azul: o alerta

Josemar Oliveira?Embrapa

Quando fresco, o peixe mantém a embalagem roxa. Em 24h, a cor perde intensidade. Após 48h, aparecem tons azul-acinzentados. Em 72h, o azul intenso indica que o alimento não está mais próprio para consumo, tudo isso sem precisar abrir a embalagem.

Reaproveitamento inteligente

Um diferencial da pesquisa é o uso de repolhos roxos descartados pelo varejo - aqueles com folhas amassadas que seriam jogados fora. "Conseguimos agregar valor a algo que seria descartado", explica Josemar Oliveira Filho, pesquisador do projeto.

Matheus Falanga/Embrapa

O processo é relativamente rápido e de baixo custo. Diferente de métodos tradicionais que usam eletricidade e materiais sintéticos caros, esta tecnologia pode ser produzida em apenas 12 a 24 horas, utilizando matérias-primas simples e acessíveis.

Temperatura e iluminação ideais

Matheus Falanga/Embrapa

Como são feitas  as nanofibras

A fabricação usa policaprolactona, ácido acético e as antocianinas do repolho. A mistura é processada em equipamento com ar comprimido e bomba de injeção, onde as nanofibras são depositadas em um coletor rotativo, formando uma manta similar ao algodão.

Matheus Falanga/Embrapa

Os testes iniciais foram feitos com tilápia e merluza, alimentos perecíveis e frequentemente consumidos crus. Os pesquisadores planejam expandir para outras espécies como salmão, além de novos produtos como leites e queijos, ampliando a aplicação.

Aplicações atuais  e futuras

Matheus Falanga/Embrapa

Do laboratório  ao mercado

Patenteada desde 2009, a nanofibra já possui protótipo testado. "Agora, falta ir para uma condição real de mercado", diz o professor Mattoso, orientador da pesquisa. Os cientistas buscam parcerias com empresas para testar a tecnologia nos supermercados.

Joana Silva/Embrapa