Cannabis (cânhamo) usada como material de construção ecológico: captura de carbono e técnicas essenciais para construir com impacto ambiental reduzido.
By: Fabiana Bertone
Cânhamo: um aliado inesperado
O cânhamo, uma variedade da Cannabis sativa, surge como um promissor combatente contra as mudanças climáticas. Diferente da maconha, o cânhamo não possui propriedades psicoativas, focando na sustentabilidade e na inovação ambiental.
Remoção de CO2: velocidade e eficiência
Um hectare de cânhamo sequestra de 9 a 15 toneladas de CO2 em apenas cinco meses. Essa capacidade é comparável à de uma floresta jovem, porém com um ciclo de crescimento significativamente mais curto, oferecendo resultados rápidos e mensuráveis na luta contra as mudanças climáticas.
Carbono fixado: construindo um futuro sustentável
O carbono capturado pelo cânhamo é armazenado em sua biomassa. Ao transformar essa biomassa em materiais de construção duradouros, como concreto de cal de cânhamo, lã de cânhamo e painéis, o carbono permanece fixado por um período estendido na tecnosfera.
Impacto ambiental: saldo positivo
A produção de cânhamo pode remover entre 9.500 e 11.400 kg de CO2 equivalente por hectare ao ano. Mesmo considerando as emissões de GEE de fertilizantes, o cânhamo apresenta um saldo líquido positivo de remoção de carbono, que varia de 7.000 a 9.300 kg de CO2 equivalente.
Oportunidades de mercado: certificados de carbono
O cânhamo é elegível para o "Certificado de Remoção de Carbono" da União Europeia. Essa certificação pode abrir novas fontes de receita e valorização para os produtores que cultivam cânhamo para a indústria da construção, alinhando a agricultura com as metas globais de sustentabilidade.
Inovação no Brasil: parceria estratégica
A Embrapa e o Instituto Ficus anunciaram uma cooperação técnica para impulsionar o desenvolvimento sustentável do setor de cannabis no Brasil. Essa parceria visa fomentar a inovação e explorar o potencial do cânhamo na captura de carbono.
Desafios regulatórios: um caminho a seguir
No Brasil, o plantio de cânhamo industrial ainda é proibido. A Embrapa propõe a criação de uma Comissão Técnica Nacional da Cannabis, nos moldes da CTNBio, para classificar os cultivos e permitir o avanço regulatório do setor.