Sustentabilidade

Conheça uma poderosa borracha natural, a cernambi

Produzido por meio da coagulação do látex, o cernambi destaca-se por sua durabilidade, facilidade de transporte e valor de mercado estável

Imagine um produto que brota das árvores, moldável como argila, resistente como couro, e elástico como um elástico de escritório. Esse produto existe: o cernambi.

Esse coágulo de borracha natural, retirado das seringueiras, é mais do que um recurso agrícola — ele conecta a tradição extrativista com práticas sustentáveis, representando uma riqueza do Brasil rural.

A produção de borracha natural no Brasil tem enfrentado desafios. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em 2023, a produção totalizou aproximadamente 398.146 toneladas, um aumento de 4% em relação ao ano anterior. A área cultivada ultrapassa 193.200 hectares.

O que é cernambi e como ele é produzido?

O cernambi, também conhecido como Cernambi Virgem Ecológico (CVE) ou Cernambi Virgem a Granel (CVG), é um coágulo de borracha natural obtido a partir do látex da seringueira (Hevea brasiliensis). 

Este produto é resultado do processo de coagulação do látex, que ocorre naturalmente ou com o auxílio de aditivos específicos. 

O cernambi se distingue de outras formas de borracha natural por sua aparência e textura características, apresentando-se como um material sólido, elástico e resistente.

A produção de cernambi é realizada por extrativistas tradicionais, preservacionistas e empreendedores rurais, que extraem o látex da seringueira através de técnicas de sangria. 

Após a coleta, o látex passa pelo processo de coagulação, que pode ocorrer de forma natural ou ser acelerado com o uso de agentes coagulantes. 

O resultado é um produto com alta concentração de borracha seca, geralmente em torno de 53% de DRC (Dry Rubber Content).

O processo de coagulação do látex para obtenção do cernambi

A coagulação do látex é um processo crucial na produção do cernambi. Existem dois métodos principais para realizar esta etapa:

Coagulação Natural: Neste método, o látex é deixado em repouso por um período, permitindo que coagule naturalmente devido à ação de bactérias presentes no ambiente. Este processo pode levar de 12 a 24 horas, dependendo das condições climáticas e da qualidade do látex.

Coagulação com Aditivos: Para acelerar o processo e garantir uma coagulação mais uniforme, podem ser utilizados aditivos como ácido acético ou ácido fórmico. Estes agentes coagulantes são adicionados ao látex em proporções específicas, promovendo uma coagulação rápida e controlada.

Durante o processo de coagulação, é fundamental manter condições adequadas de higiene e controle de temperatura para assegurar a qualidade do cernambi. 

O coágulo formado deve ser lavado para remover impurezas e, em seguida, prensado para eliminar o excesso de água, resultando no Cernambi Virgem Prensado (CVP).

Vantagens do cernambi para produtores rurais

Foto: Adobe Stock

A produção de cernambi oferece diversas vantagens para os produtores rurais, tornando-se uma opção atrativa no mercado da borracha natural:

Durabilidade e Armazenamento: O cernambi pode ser armazenado por períodos mais longos em comparação com o látex líquido, reduzindo a necessidade de processamento imediato e oferecendo maior flexibilidade aos produtores.

Facilidade de Transporte: Por ser um produto sólido, o cernambi é mais fácil de transportar do que o látex líquido, reduzindo custos logísticos e riscos de derramamento.

Valor de Mercado: O cernambi geralmente possui um valor de mercado estável, proporcionando uma fonte de renda confiável para os produtores rurais.

Além disso, a produção de cernambi contribui para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável das comunidades extrativistas, alinhando-se com as crescentes demandas por produtos ecologicamente responsáveis.

Comparativo com outras formas de borracha natural

Ao comparar o cernambi com outras formas de borracha natural, como o látex líquido e a borracha granulada, é possível observar características específicas que influenciam sua utilização em diferentes contextos industriais e produtivos. 

O látex líquido, por exemplo, é utilizado na fabricação de produtos como luvas cirúrgicas, preservativos e balões devido à sua alta versatilidade e pureza. 

No entanto, essa forma de borracha natural apresenta como desvantagem a necessidade de processamento imediato após a extração, além de exigir condições especiais de armazenamento e transporte, como temperaturas controladas, para evitar a coagulação e perda de qualidade.

A borracha granulada, por sua vez, é bastante valorizada em processos industriais que demandam facilidade de manuseio e mistura, como na produção de pneus e peças automotivas. 

Sua forma sólida e granular facilita o transporte e o armazenamento, reduzindo problemas logísticos. No entanto, sua produção requer equipamentos específicos para granulação, o que eleva os custos iniciais e pode limitar seu acesso para pequenos produtores ou regiões com infraestrutura limitada.

Já o cernambi, que é o coágulo de látex extraído diretamente da seringueira, destaca-se por seu processo de produção mais simples, o que o torna uma opção viável para pequenos produtores rurais e comunidades extrativistas. 

Essa forma de borracha natural pode ser obtida sem a necessidade de processos complexos, sendo uma alternativa economicamente acessível em regiões onde a borracha é uma importante fonte de renda. 

Contudo, dependendo da aplicação final, o cernambi pode demandar processamento adicional para atingir os padrões exigidos pela indústria, o que pode limitar sua competitividade em mercados mais exigentes.

Dessa forma, a escolha entre essas formas de borracha natural depende diretamente das necessidades específicas de cada aplicação, bem como das condições econômicas e estruturais de quem produz ou utiliza o material.

O cernambi se destaca por sua produção mais acessível e ecológica, especialmente para pequenos produtores e comunidades tradicionais. Sua produção não requer energia elétrica ou consumo excessivo de água, tornando-o uma opção sustentável e economicamente viável.

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão