Inovação

Espumante de umbu: conheça a produção dessa bebida exótica

Bebida inovadora com alta aceitação do público que valoriza a biodiversidade e impulsiona a economia local

Imagine uma bebida que une o sabor exótico do umbu com a sofisticação de um espumante. Essa é a novidade que pesquisadores brasileiros trouxeram ao mercado: o espumante de umbu. 

O umbu é um fruto típico do semiárido brasileiro e tem grande importância para as comunidades locais. Agora, com essa inovação, promete trazer ainda mais benefícios aos produtores rurais.

Segundo a Embrapa, um teste de aceitação com consumidores revelou que essa bebida que parece ser inusitada foi bem recebida pelo público, destacando-se como uma nova alternativa no mercado de bebidas. 

O que é umbu?

O umbu, também conhecido como “árvore sagrada do sertão”, é um fruto nativo da região semiárida do Brasil, especialmente encontrado nos estados do Nordeste. É um fruto do umbuzeiro (Spondias tuberosa), uma planta adaptada às condições áridas e famosas por suas raízes que armazenam água, garantindo a sobrevivência durante os períodos de seca prolongada.

O umbu é conhecido por diferentes nomes em algumas regiões, como “imbu”, “umbu-cajá” ou simplesmente “cajá-mirim” em certas localidades. Seu sabor equilibra o doce e o ácido, proporcionando uma experiência refrescante e exótica ao paladar. 

Sua polpa é suculenta e de cor amarelada, com um aroma leve e característico. Devido a essas qualidades, o umbu é amplamente utilizado em sucos, sorvetes, doces e agora em produtos inovadores, como o espumante de umbu.

Produção do umbu no Brasil

A produção do umbu no Brasil é de grande importância para as comunidades do semiárido, pois, além de ser uma fonte de alimentação, é uma relevante atividade econômica para pequenos agricultores. 

De acordo com a SEAGRI (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura) a Bahia é o maior produtor do Brasil, com a maioria das colheitas ocorrendo na região do Sertão do São Francisco, que inclui municípios como Uauá, Canudos e Juazeiro. 

A Bahia possui cerca de 10 dos 20 principais produtores de umbu no Brasil. A Embrapa e outras entidades têm incentivado a formação de cooperativas e a implementação de boas práticas de manejo para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos frutos. 

Cultivo do umbuzeiro para produção de espumante

Para garantir frutos de alta qualidade para a produção do espumante, é essencial seguir as melhores práticas de cultivo do umbuzeiro. A Embrapa desenvolveu cultivares que oferecem benefícios significativos, como maior resistência e produtividade, contribuindo para um manejo mais eficiente e sustentável.

A colheita e pós-colheita do umbu são etapas críticas para preservar suas características sensoriais. Um manejo adequado é vital para reduzir perdas e garantir a qualidade da bebida, desde o campo até a produção final.

Espumante de umbu e o mercado

O espumante de umbu surge em um cenário de crescente interesse por produtos da biodiversidade brasileira. Com os consumidores cada vez mais atraídos por bebidas exóticas e alternativas, o potencial de mercado para é promissor. 

Além de agregar valor à produção do umbu, o espumante diversifica a renda dos agricultores familiares, facilitando a entrada em novos nichos de mercado e a conquista de consumidores que buscam novidades e sabores autênticos.

Processo de produção do espumante de umbu

A produção do espumante de umbu é um processo que combina técnicas tradicionais de vinificação com a adaptação para o uso de frutos tropicais. Abaixo, detalhamos as principais fases envolvidas:

Seleção e preparação dos frutos

A produção começa com a seleção cuidadosa dos frutos. O umbu deve estar no ponto ideal de maturação, com boa concentração de açúcares e acidez adequada para o processo de fermentação. 

Frutos danificados ou em estágios de maturação inadequados devem ser descartados para manter a qualidade do espumante.

Após a seleção, os umbus passam por um processo de lavagem para remover impurezas. Em seguida, são despolpados – a polpa é separada das sementes e da casca. Essa polpa é essencial para a obtenção do mosto, que é a base do espumante.

Fermentação primária

O mosto do umbu é colocado em tanques de fermentação de aço inoxidável, onde ocorre a fermentação primária. Nessa fase, são adicionadas leveduras selecionadas que convertem os açúcares presentes na polpa em álcool e dióxido de carbono. 

Essa etapa dura de 7 a 15 dias, dependendo das condições de temperatura e do tipo de levedura utilizada. O controle da temperatura é crucial para evitar a perda de compostos aromáticos e preservar as características do umbu.

Clarificação e estabilização

Após a fermentação primária, o líquido é submetido a um processo de clarificação, que remove partículas em suspensão e garante uma aparência límpida. Para isso, podem ser empregadas técnicas como filtração ou adição de agentes clarificantes.

Em seguida, a bebida passa por um período de estabilização a frio, que previne a formação de cristais e assegura a qualidade visual do espumante.

Fermentação secundária

A gaseificação do espumante pode ser realizada de duas formas principais:

Método Charmat: O líquido é transferido para tanques pressurizados onde ocorre a fermentação secundária. Durante os cerca de 30 dias desse processo, as leveduras restantes continuam a fermentar, gerando o gás que confere a efervescência à bebida. Esse método é mais rápido e permite uma produção em maior escala.

Método Tradicional: Também conhecido como método Champenoise, a fermentação secundária ocorre diretamente na garrafa. Esse processo é mais demorado, podendo durar meses, e resulta em um espumante com bolhas mais finas e um sabor mais complexo.

Remoção de resíduos e dosagem

No caso do método tradicional, após a fermentação secundária, as garrafas são colocadas em prateleiras inclinadas e giradas regularmente (processo de remuage) para que os resíduos se acumulem na tampa. 

Em seguida, a ponta da garrafa é congelada para facilitar a remoção do sedimento (processo de dégorgement).

A etapa de dosagem envolve a adição de um licor de expedição, que pode conter açúcar e outros ingredientes para ajustar o nível de doçura e equilibrar a acidez do espumante.

Envelhecimento e engarrafamento

Após a remoção dos resíduos e a dosagem, o espumante é deixado para envelhecer por um período que pode variar de algumas semanas a vários meses, dependendo do perfil de sabor desejado. 

O tempo de envelhecimento permite que os aromas e sabores se integrem, resultando em uma bebida com notas mais complexas.

Por fim, a bebida é engarrafada e selada com uma rolha de cortiça e aramada, garantindo a preservação da pressão interna. A rotulagem finaliza o processo, tornando o espumante de umbu pronto para distribuição e consumo.

Benefícios e desafios da produção de espumante de umbu

A produção de espumante de umbu oferece diversos benefícios socioeconômicos e ambientais, como geração de renda, fortalecimento da agricultura familiar e valorização da biodiversidade local. 

Essa prática contribui para a economia circular e o desenvolvimento sustentável do semiárido. No entanto, os produtores enfrentam desafios, como a necessidade de investimento em tecnologia e a manutenção da qualidade da bebida.

As perspectivas para o futuro do mercado de espumante de umbu são promissoras, com oportunidades significativas para produtores rurais que desejam diversificar suas atividades e conquistar novos consumidores.

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.