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Tecnologias como a irrigação prometem qualificar 2.500 famílias produtoras de frutas no Vão do Paranã
A vida na chácara, em Flores de Goiás, sempre foi o sonho da Luciana Neves, de 37 anos. Ela e o marido, Edgar Neves, se mudaram para o pedacinho de terra em 2016, depois de passarem por assentamentos da Reforma Agrária. Mas ainda não haviam conseguido viver da produção na lavoura. Entre plantar melancia, cebolinha e milho, o Edgar também trabalhava como pedreiro para complementar a renda e garantir o sustento.
Há quatro meses, o sorriso não sai do rosto da Luciana. “É a realização de um sonho. Viver e trabalhar na nossa chácara!”, contou para o Agro Estadão. Ela e o marido participam de um projeto piloto para desenvolver a fruticultura no nordeste de Goiás, na região do Vão do Paranã.
Os dois hectares da propriedade foram divididos para os plantios de maracujá e manga. O maracujá já está com frutas e a colheita será em breve. “Deve render de 28 a 30 toneladas, mas se tiver um bom manejo, sendo bem cuidado, pode chegar até mais”, contou a mais nova empreendedora da fruticultura da região. A Luciana diz que, inclusive, já está negociando as frutas com uma distribuidora e, muito em breve, espera colher maracujás e outros resultados.
“Eu sonho quitar o financiamento que adquiri pra investir no projeto, depois melhorar a minha casa. Porque a gente trabalha tanto, merece uma casa confortável no fim do dia. Com certeza, vai dar certo!”, disse Luciana, por telefone, direto da lavoura enquanto fazia a polinização das flores de forma manual. “Pra ter um fruto com bastante polpa”, concluiu.
Instituições de pesquisa e governo do estado de Goiás atuam no projeto para o desenvolvimento do Vão do Paranã, onde vivem 2.500 famílias. Nesta primeira etapa, dez famílias ganharam kits de irrigação com tecnologia insraelense, país considerado o mais avançado do mundo na área de irrigação. Outras 138 famílias receberão os kits em 2024 – o edital para inscrição no programa já foi lançado.
A Embrapa Cerrados acompanha os agricultores e ensina como usar a tecnologia e manejar a plantação. “Muitas vezes, as pessoas ganham os kits de irrigação, mas não sabem usar. Então a ideia é poder viabilizar efetivamente a irrigação como promotora de qualidade de vida dessas pessoas”, contou ao Agro Estadão o chefe de pesquisa na Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues.
Agora, os participantes do projeto vão aprender a usar a estação meteorológica recém comprada, que servirá para todas as propriedades. O pesquisador explica que medidores de chuva serão instalados em alguns pontos para que eles possam manejar água e energia, que são “a base de crescimento de qualquer região”.
A intenção é atender todas as 2.500 famílias que vivem da fruticultura no Vão do Paranã. Rodrigues explica que pretende treinar os mais jovens para que eles sejam aplicadores das tecnologias e possam viver na região e tocar o projeto.
“Queremos levar tecnologia para 2.500 famílias, mas se eu melhorar a vida de 50 delas, estou feliz demais!”.
O governo de Goiás assinou um protocolo de intenções com o governo de Israel, que irá compartilhar tecnologias por meio de pesquisadores de institutos de pesquisa que trabalham diretamente com a irrigação.
O secretário de agricultura do estado diz que a organização de uma missão de pesquisadores de instituições públicas e privadas para Israel já começou a ser organizada.
Além disso, a intenção é ampliar as relações comerciais, com a possibilidade da entrada das frutas goianas no mercado de Israel.
“A comercialização, talvez seja o processo mais importante da produção de frutas. Os produtores terão condições agronômicas favoráveis para produzir bem, com escala e qualidade, de forma a atender as exigências sanitárias dos principais países compradores. Então é preciso estruturar essa alternativa de comercialização”, afirmou o secretário de Agricultura, Pedro Leonardo Rezende, ao Agro Estadão.
No Brasil, 1,92 milhão de hectares são irrigados por pivô, com mais de 30 mil pivôs. Entre 2010 e 2022, o crescimento médio foi de 80,6 mil hectares por ano, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA).
Seis estados concentram 92% da área com irrigação por pivôs: Minas Gerais (29,2%), Goiás (16,2%), Bahia (15,3%), São Paulo (12,9%), Rio Grande do Sul (10,2%) e Mato Grosso (8,6%).
Os cinco maiores municípios brasileiros com área equipada com pivôs são: Paracatu (MG), com 79,9 mil hectares; Unaí (MG), com 72,7 mil ha; Cristalina (GO), com 65,5 mil ha; São Desidério (BA), com 56,5 mil ha; e Barreiras (BA), com 48,2 mil ha.
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