A cólica equina pode acometer aproximadamente 580 mil animais ao longo da vida, exigindo rápida intervenção veterinária
Se tem algo que incomoda o criador de cavalos é chegar ao estábulo e ver o animal rolando no chão, visivelmente desconfortável. O que parecia ser uma simples inquietação, pode ser algo sério: a cólica equina.
Também conhecida como síndrome cólica ou abdômen agudo, é uma das principais emergências veterinárias em cavalos, sendo a principal causa de morte desses animais.
Ela é responsável por grandes perdas econômicas, exigindo tratamentos clínicos ou cirúrgicos e, frequentemente, afastando o cavalo de suas atividades.
Além disso, o problema pode desencadear complicações adicionais, como laminites, aumentando os custos para os produtores.
A cólica equina é um termo usado para descrever qualquer dor abdominal em cavalos, sendo uma das condições mais comuns e graves no manejo desses animais.
Sua característica principal é a dor abdominal aguda, que pode ser causada por diversas razões e requer rápida intervenção. Há diferentes tipos de cólica, como:
Segundo a médica-veterinária Fernanda Ambrosino, da Ceva Saúde Animal, “o sistema digestivo dos equinos tem particularidades anatômicas que os tornam mais propensos a alterações graves que causam cólica, como fermentação de alimentos ou obstruções intestinais”.
Diversos fatores podem desencadear a cólica em cavalos. A má alimentação e a ingestão inadequada de alimentos são causas frequentes, já que dietas inadequadas ou mudanças abruptas na alimentação podem causar fermentação excessiva e compactação no trato digestivo.
A presença de parasitas internos também é um fator de risco importante, pois a grande quantidade de vermes pode obstruir ou irritar os intestinos. A desidratação é outra causa comum, pois a falta de água afeta a digestão, aumentando o risco de cólica.
A produção de enterólitos, que são formações sólidas no intestino causadas pela ingestão de alimentos fibrosos ou corpos estranhos, pode levar ao problema.
A falta de exercício físico também contribui para o aumento dos casos, uma vez que cavalos sedentários têm maior probabilidade de desenvolver problemas digestivos.
O diagnóstico de cólica equina requer um exame veterinário detalhado. Primeiramente, é feito um exame físico para avaliar o grau de dor abdominal. Dependendo da gravidade, podem ser realizados exames complementares como palpação retal, ultrassonografia e análises laboratoriais.
“Uma rápida intervenção busca não apenas atenuar a dor, mas também reduzir a inflamação e a distensão da alça intestinal”, reforça Fernanda Ambrosino.
Os sinais clássicos de cólica incluem:
Estes comportamentos são claros indicativos de dor abdominal e não devem ser ignorados. A detecção precoce dos sintomas é vital para uma resposta eficaz.
Em casos mais graves, os sintomas de cólica incluem:
Estes sinais indicam que o estado de saúde do cavalo se deteriorou significativamente e a intervenção veterinária deve ser imediata.
O tratamento da cólica equina depende da gravidade do quadro. Em casos leves, o manejo clínico é suficiente, utilizando sondagem nasogástrica, anti-inflamatórios, analgésicos e reposição de fluidos.
Já em situações mais graves, a cirurgia pode ser necessária para resolver obstruções ou torções intestinais.
Segundo Fernanda Ambrosino, “o anti-inflamatório de escolha nesses casos é a flunixina meglumina, que ajuda a controlar a inflamação e a dor visceral”.
A reposição de fluidos é igualmente essencial para corrigir desequilíbrios eletrolíticos e prevenir complicações como necrose tecidual.
Nos quadros mais leves, os tratamentos conservadores podem incluir:
Esses tratamentos são geralmente eficazes em casos diagnosticados precocemente.
Quando a cirurgia é necessária, o procedimento pode envolver a remoção de obstruções ou correção de torções intestinais.
A recuperação pós-cirúrgica pode levar meses, e em casos mais graves, o cavalo pode nunca retornar às suas atividades regulares. No entanto, com o avanço das técnicas cirúrgicas, as taxas de sucesso têm aumentado.
A prevenção da cólica equina está diretamente ligada ao manejo adequado do cavalo. É essencial fornecer uma dieta balanceada, com maior proporção de volumoso em relação a concentrados, realizar o controle parasitário regular, garantir que a profilaxia dentária seja realizada para permitir uma mastigação eficiente, e assegurar que o cavalo tenha acesso constante a água limpa.
Além disso, manter uma rotina de exercícios adequada e evitar mudanças bruscas no ambiente e nos hábitos do animal são fundamentais para reduzir o risco de cólica.
A veterinária Fernanda Ambrosino destaca: “a prevenção sempre se escora nas boas práticas de manejo. Pode ser trabalhoso, mas o impacto na correção de um manejo falho é menos prejudicial do que a ocorrência da síndrome cólica”.
Os custos relacionados à cólica equina podem ser significativos. Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que o impacto econômico da síndrome ultrapassou U$115 milhões, dos quais U$76 milhões foram decorrentes da morte de animais e U$4 milhões em cavalos que precisaram ser afastados permanentemente de suas atividades.
No Brasil, embora não existam dados concretos sobre o impacto econômico da cólica equina, estima-se que cerca de 10% dos equinos brasileiros sofram da condição em algum momento da vida, o que corresponde a aproximadamente 580 mil animais.
A cólica equina é uma condição séria que exige atenção e ação rápida. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para o sucesso da recuperação.
A prevenção, por meio de boas práticas de manejo, controle alimentar e monitoramento constante, é a melhor estratégia para evitar que os animais sofram dessa condição debilitante e potencialmente fatal.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.