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Produtores rurais mobilizados contra o fogo
Prevenção de incêndios é uma pauta prioritária para o Sistema Faesp/Senar em 2025
04/02/2025 - 07:52 | Por: Estadão Blue Studio e Faesp
Foto: Getty Images
Sumário
As lembranças dos incêndios que atingiram o Estado de São Paulo no ano passado ainda estão bem vivas na memória dos paulistas. Estima-se que, ao longo do ano, 3.837 propriedades rurais tenham sido atingidas pelo fogo, em 144 municípios – 22,3% do total de municípios do Estado. Os prejuízos aos produtores rurais chegaram a R$ 2,8 bilhões, de acordo com as contas feitas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
Diversos setores do agronegócio paulista foram fortemente impactados, a exemplo da bovinocultura de corte e leite, cana-de-açúcar, fruticultura, extração de látex e apicultura. Em alguns casos, as consequências se estenderão por várias safras, até a completa recuperação das condições anteriores. Os incêndios provocaram, também, prejuízos à infraestrutura pública, a exemplo de rodovias e rede de energia.
Preocupada em evitar que o problema venha a se repetir na mesma dimensão catastrófica – em apenas dois dias de agosto, ápice do problema, foram registrados mais de 2,3 mil focos no Estado –, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) está mobilizando as mais diversas organizações que têm relação com o tema para um amplo fórum de discussão e planejamento.
“É um assunto complexo, que envolve uma grande variedade de aspectos e possibilidades de ações. Por isso é fundamental aglutinar conhecimentos e esforços”, diz José Luiz Fontes, coordenador do Departamento de Sustentabilidade da Faesp. O trabalho vem sendo realizado junto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e os Sindicatos Rurais,com o propósito de identificar as necessidades técnicas e regulatórias para o desenvolvimento de ações, sempre em sinergia com as demais entidades representativas do agro e com os órgãos de controle.
Essas discussões terão destaque nas pautas do Fórum de Sustentabilidade Faesp 2025, programação que inclui eventos com representantes dos órgãos de controle, defesa civil e corpo de bombeiros. “Queremos aprimorar as ações de prevenção, monitoramento e fiscalização, cientes de que a abordagem precisa ser em diversas frentes”, observa Fontes.

Tragédia ambiental
As ações de debate e planejamento estão sendo intensificadas com seis meses de antecedência em relação à temporada de maior risco no Estado de São Paulo, entre junho e outubro. Como normalmente ocorrem poucas chuvas nesse período, formam-se as condições mais propícias para a propagação do fogo. Trata-se da maior incidência da chamada combinação 30-30-30: mais de 30 dias de seca, umidade relativa do ar abaixo de 30% e ventos acima de 30 km/h.
As consequências dos incêndios são trágicas não apenas do ponto de vista econômico, mas também ambiental. Quando a vegetação nativa é atingida, o risco à biodiversidade é enorme e pode ser irrecuperável, incluindo morte de animais silvestres, redução da quantidade e da qualidade dos recursos hídricos e queda da fertilidade do solo.
Além de tudo isso, ainda há a forte emissão de gases de efeito estufa (GEE), principais causadores das mudanças climáticas, e consequências negativas para a saúde da população. Não por acaso, considerando-se tantos danos, os incêndios florestais passaram a ser classificados oficialmente como “desastres” pela Portaria 260/2022 do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Uma das preocupações da Faesp é que sejam produzidas e disponibilizadas estatísticas mais detalhadas sobre a origem, a dimensão e as características de cada registro de incêndio no Estado de São Paulo. Outros pontos de atenção envolvem a prevenção – o que fazer para evitar material seco à beira de rodovias, por exemplo – e a conscientização (quase todos os incêndios surgem por ações antrópicas – ou seja, são causados pelo homem, de maneira acidental ou intencional).
É preciso também intensificar a preparação para combater o fogo, o que envolve a necessidade de treinamento dos produtores rurais e a disponibilidade dos equipamentos necessários. O Senar-SP realiza os cursos de Legislação para Queimadas e Incêndios no Meio Rural, Incêndio – Prevenção e Combate no Campo e Proteção e Combate a Incêndio – NR 23, em parceria com os Sindicatos Rurais, atendendo as necessidades dos produtores e trabalhadores rurais. Além disso, está desenvolvendo parceria com o governador Tarcísio de Freitas para a construção de uma rede mais robusta de prevenção.
Publicado em : 04/02/2025 - 07:52
Por: Estadão Blue Studio e Faesp - 3 minutos de leitura