Sustentabilidade
BNDES incentiva produção de etanol a partir de cereais
Financiamento de R$ 500 milhões para usina no Mato Grosso reforça o compromisso com a descarbonização dos transportes
19/12/2024 - 05:00 | Por: BNDES e Estadão Blue Studio
Foto: Getty Images
Sumário
A fabricação de etanol vai ser reforçada com uma nova usina que está sendo implantada em Mato Grosso pela empresa Três Tentos Agroindustrial S/A (3tentos). O empreendimento, que conta com financiamento de R$ 500 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), produzirá etanol a partir de milho e de sorgo. O crédito é viabilizado por meio do Fundo Clima.
A utilização do sorgo para a produção de etanol, de forma adicional ao milho, representa a introdução de uma nova matéria-prima para o biocombustível no Brasil. De acordo com projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a oferta de etanol no País deve atingir cerca de 50 bilhões de litros em 2034, dos quais aproximadamente 15 bilhões virão do milho e de outros cereais.
Hoje, o Brasil tem capacidade instalada total de 6,4 bilhões de litros de etanol de cereais e os projetos em execução somam mais 2 bilhões de litros. “São resultados alinhados à política industrial do governo federal, às diretrizes do Fundo Clima e à atuação do BNDES: apoiar a implantação de empreendimentos que reduzam as emissões de gases do efeito estufa”, diz o presidente do banco de desenvolvimento, Aloizio Mercadante.
O Fundo Clima é o principal instrumento do governo federal no combate às mudanças climáticas. Esse status foi reforçado em abril, quando o BNDES e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima anunciaram a transferência de R$ 10,4 bilhões ao Fundo – até 2023, o orçamento era de R$ 2,9 bilhões.
Agro sustentável
A nova planta da 3tentos terá capacidade inicial diária de 935 mil litros do biocombustível, além de 587 toneladas de grãos secos de destilaria (DDGs – dried distillers grains, em inglês) e 37 toneladas de óleo de milho. O projeto inclui, ainda, a implantação de uma usina cogeradora de vapor e de energia elétrica a partir de biomassa, com capacidade de produzir até 184 mil MWh por ano, volume suficiente para suprir o consumo de 77 mil pessoas.
A unidade está sendo construída ao norte do Vale do Araguaia, região que vive uma forte expansão do plantio de cereais. Ela produzirá etanol anidro combustível (EAC) e etanol hidratado combustível (EHC), além de óleo vegetal e de ração animal (DDG) com alto valor proteico, direcionada à pecuária de corte em modelo de confinamento.
Até o desenvolvimento do projeto apoiado pelo BNDES, a 3tentos não produzia etanol. “Com essa nova área de atuação, vamos ajudar a impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Vale do Araguaia e, ao mesmo tempo, dar um exemplo de como o agronegócio pode contribuir para um mundo mais sustentável”, celebra Luiz Osório Dumoncel, CEO e fundador da empresa, criada há quase 30 anos em Santa Bárbara do Sul (RS).
Círculo virtuoso
“Este é mais um projeto que reforça a atuação do BNDES no fomento, apoio e financiamento de iniciativas focadas na descarbonização do setor de transportes brasileiro”, observa José Luís Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco.Entre janeiro e novembro deste ano, as aprovações de crédito do BNDES para o setor de biocombustíveis somaram R$ 4,2 bilhões, segundo maior volume para o período desde o início da série histórica. O recorde, R$ 4,7 bilhões, ocorreu em 2010.
O etanol de cereais tem a mesma composição química e apresenta desempenho equivalente ao do produto feito a partir da cana-de-açúcar, com algumas vantagens, como a perspectiva de ser produzido o ano todo – já que, diferentemente da cana, o milho pode ser estocado. A Região Centro-Oeste do Brasil é especialmente propícia à expansão do etanol de cereais, pois combina a alta disponibilidade do chamado milho-safrinha com a forte demanda pelo farelo de milho utilizado na produção de proteína animal.
“Investir no etanol de cereais significa agregar valor aos grãos produzidos no Brasil, que deixam de ser exportados in natura e passam a ser processados internamente, gerando mais empregos”, analisa Mauro Mattoso, chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES. Ele destaca que, além dos biocombustíveis e da energia limpa, a produção de rações para animais ricas em proteínas também contribui para a sustentabilidade, já que permite elevar o confinamento do rebanho bovino e liberar para a agricultura áreas antes utilizadas para pastagem. “É uma forma de elevar a produção agrícola nacional sem a necessidade de abertura de novos espaços para a agricultura”, conclui Mattoso.
Publicado em : 19/12/2024 - 05:00
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