A adoção de medidas de segurança é fundamental para evitar acidentes de trabalho e doenças ocupacionais
Durante o exercício profissional, qualquer indivíduo está sujeito a acidentes de trabalho; e algumas funções apresentam mais riscos que outras. Trabalhadores rurais, por exemplo, são sete vezes mais propensos a fatalidades do que os da construção civil.
À medida que o agronegócio dispara, os acidentes de trabalho no campo têm se tornado uma grande preocupação no meio agrícola. Somente em relação à atividade em silos de grãos, foram registradas 106 mortes no País entre os anos 2009 e 2018. Muitas ocorrências poderiam ser evitadas com a adoção de medidas de prevenção — que, em sua maioria, já são previstas na Norma Regulamentadora 31/NR 31. Conhecer essa e outras legislações é importante para garantir a segurança dos trabalhadores.
Lesões nos olhos, queimaduras, cortes nas mãos e intoxicações por agrotóxicos são os principais acidentes em áreas rurais. Nesses locais, são observáveis fatores de riscos que também podem provocar doenças relacionadas ao trabalho.
O trabalho ao ar livre, em condições de forte calor, pode causar fadiga, insolação e até câncer de pele. Se a tarefa também envolver o manuseio de maquinário pesado e/ou com vibração, o operador pode ter uma sensação de vertigem acompanhada de dores lombares.
As máquinas estão envolvidas em grande parte das situações que apresentam riscos, podendo causar acidentes como quedas de árvore e tombamentos de tratores. Quando animais são utilizados, os incidentes incluem coices, mordidas e cabeçadas.
Já os implementos agrícolas estão relacionados ao desenvolvimento de lesões por esforço repetitivo e doença osteomuscular, conhecidas respectivamente por LER e DORT. Ainda, as ferramentas cortantes e pontiagudas são capazes de provocar acidentes como cortes e esmagamentos.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Os agroquímicos são utilizados para combater insetos e ervas indesejáveis e, consequentemente, aumentar os índices de produtividade.
O preparo e a aplicação dessas substâncias — como larvicidas, esterilizantes e reguladores de crescimento — em médio prazo provocam danos à saúde, como dermatite de contato e bronquite. Já o manuseio de excremento de animais pode expor o trabalhador à toxicidade do ácido sulfídrico e da amônia.
A NR 31 é a principal norma para o trabalho no campo. Seu objetivo é garantir a saúde e a segurança nas atividades de agricultura, pecuária, silvicultura, aquicultura e exploração florestal, aplicando-se também às atividades de exploração industrial em estabelecimentos agrários.
Entre as várias responsabilidades do empregador, explicitadas no item 31.3.3 da NR 31, uma delas sintetiza a função dessa norma regulamentadora.
e) Analisar, com a participação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural – CIPATR, as causas dos acidentes e das doenças decorrentes do trabalho, buscando prevenir e eliminar as possibilidades de novas ocorrências.
A NR 31 ainda estabelece que cabe ao empregador fornecer aos trabalhadores, gratuitamente, equipamentos de proteção individual (EPI). São exemplos:
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece diretrizes relativas à medicina do trabalho. Dentro desse contexto, foram criados o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), ambos aplicados ao trabalho rural.
Além do dano causado ao trabalhador e à sua família, os acidentes de trabalho no campo geram um custo elevado para o empregador. É necessário fazer o pagamento de indenizações, oferecer auxílio médico e reparar os equipamentos.
Para que a produção não seja comprometida, algumas medidas preventivas devem fazer parte da rotina de trabalho agrícola. Veja abaixo:
#1 Cumpra as legislações. NR 31, PCMSO e PPRA e outras legislações visam fomentar uma cultura de segurança no ambiente de trabalho, a fim de evitar acidentes. O descumprimento das NRs, por exemplo, pode gerar multas e embargo de equipamentos.
#2 Capacite seus colaboradores. O operador de máquinas agrícolas deve ser treinado para realizar tal função, com o propósito de extrair todo potencial do equipamento com segurança. Atualmente, a falta de mão de obra qualificada é um dos desafios do setor.
#3 Use a tecnologia a seu favor. Muito além da mecanização, a Agricultura de Precisão faz uso de softwares na lavoura para gerar mais eficiência nas atividades. Além disso, é possível prevenir acidentes por meio do gerenciamento de equipamentos à distância.
Fontes: BBC, Jacto.