Economia
Queimadas crescem 46,5% em um ano e impactam setor sucroalcooleiro
Espera-se uma recuperação parcial na produção de cana-de-açúcar em 2025, mas os efeitos climáticos ainda devem refletir nos ciclos futuros

Sabrina Nascimento | São Paulo
09/01/2025 - 08:23

O excesso de chuva e as enchentes não foram os únicos fenômenos climáticos que impactaram a produção agropecuária brasileira em 2024. O tempo quente e seco, principalmente na região central do país, também deixou perdas com efeitos a serem sentidos nas safras futuras. Na produção de cana-de-açúcar, esses impactos foram severos. Tanto que a estimativa de produção foi reduzida em 4,8% para esta safra pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Com isso, o Brasil deve colher 678,67 milhões de toneladas de cana-de-açúcar a partir de abril de 2025. Resultado da estiagem prolongada, que reduziu o potencial de crescimento das plantas e afetou a concentração de açúcares, comprometendo a produtividade e a qualidade da matéria-prima.
Outro elemento que influenciou para a redução foram as queimadas. A região Centro-Sul do país teve 414 mil hectares de canaviais destruídos pelos incêndios em 2024, especialmente no mês de agosto. A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) estimou prejuízos em R$ 2,67 bilhões.
Mais queimadas em 14 anos
O ano de 2024 registrou o maior volume de focos de queimadas desde 2010. Entre janeiro e dezembro do ano passado, o país teve 278.299 focos contabilizados, conforme o Banco de Dados de Queimadas (BDQueimadas), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O volume representa uma alta de 46,5% frente ao mesmo período de 2023 (189.901).
Entre os estados, o Pará liderou o ranking com 56.070 focos de queimadas, seguido por Mato Grosso (50.551), Amazonas (25.499), Maranhão (22.879) e Tocantins (17.251).

O Brasil e o mundo vão produzir mais açúcar
Para 2025, espera-se um crescimento significativo na produção de açúcar, tanto no Brasil quanto globalmente. A consultoria Safras & Mercado avalia que o clima no final do último ano foi favorável para as lavouras brasileiras, com a temporada chuvosa começando mais cedo, em outubro. Segundo o boletim, isso “melhorou a qualidade da cana-de-açúcar e trouxe perspectivas de bons resultados para a safra futura”.
O mix de produção será predominantemente voltado para o etanol, devido ao aumento da demanda. A consultoria prevê um crescimento de 2,3% na produção de açúcar em 2025/26, totalizando 46,1 milhões de toneladas, enquanto as exportações devem aumentar 5%, para 41 milhões de toneladas.
No cenário global, a produção de açúcar deverá crescer 1,5%, alcançando 186,6 milhões de toneladas na safra 2024/25. A demanda global também aumentará, especialmente na Índia, China e Tailândia. Segundo a consultoria, o mercado global de açúcar terá um excedente de oferta de 6,9 milhões de toneladas em 2024/25, após superávit de 6,2 milhões de toneladas em 2023/24.
Além do mais, na visão dos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o Brasil deve consolidar sua posição no comércio internacional de açúcar, com a valorização do dólar frente ao real estimulando os negócios. De acordo com os analistas, os preços internacionais podem se sustentar acima de 18 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York. A explicação para isso é que há uma demanda de mercados emergentes, como Paquistão e Indonésia, aliada a uma baixa reposição dos estoques mundiais.
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