Economia

Margem bruta do produtor de soja pode cair 35%, aponta projeção da CNA

Aumento nos custos e outras estimativas para a safra 2025/26 foram apresentadas pelo Projeto Campo Futuro

Os custos de produção e a pressão sobre os preços internacionais da soja projetam um cenário desafiador para os agricultores da oleaginosa no Brasil. Segundo dados do Projeto Campo Futuro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a margem bruta do produtor pode cair mais de 35% em algumas regiões que foram objeto de análise. 

A projeção para a safra de grãos 2025/2026 foi apresentada durante a reunião da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA nessa quarta-feira, 02. Para a soja, a estimativa é de que o produtor terá um aumento médio de 4% nos custos. Parte disso é puxada pela alta nos preços dos fertilizantes e defensivos agrícolas. Sementes e fungicidas tiveram recuo nos valores. 

Com esse quadro, o Custo Operacional Efetivo (COE) pode passar dos R$ 5.670 por hectare em Rio Verde (GO). Em Sorriso (MT), esse valor pode ser superior a R$ 5.550 e em Cascavel (PR)  chega a R$ 5.100 por hectare. O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Mauro Osaki, apontou que para conseguir cobrir as despesas a produtividade média necessária deve passar das 51 sacas por hectare em Rio Verde (GO) e das 56 sacas em Sorriso (MT). 

“O produtor de soja deve ficar em alerta com relação aos custos de produção e estratégias de comercialização. Diante disso, o clima e a produtividade ganham ainda mais relevância para diluição dos custos e viabilização de resultado econômico positivo”, comentou o pesquisador na apresentação.

Quanto ao milho safrinha 2025/26, a margem bruta poderá ser positiva, mas inferior à obtida em 2024/25 nas regiões de Rio Verde (GO) e Sorriso (MT). O COE deve ter uma alta de 7%, também resultado da valorização dos insumos. 

A Comissão da CNA também ouviu um panorama sobre os fertilizantes neste ano. Segundo o diretor da StoneX Brasil, Marcelo Mello, a guerra comercial dos Estados Unidos, problemas na produção do insumo na Índia e uma demanda aquecida internacionalmente devem ter impacto no fornecimento de fertilizantes no Brasil.