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Economia

China vai investigar importações de carne bovina; Mapa e Abiec se pronunciam

No acumulado de 2024, Pequim comprou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina brasileira, reiterando o posto de principal parceiro comercial do país

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Sabrina Nascimento | São Paulo | Atualizada às 17h00

27/12/2024 - 12:11

Foto: Adobe Stock
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O governo brasileiro foi comunicado nesta sexta-feira, 27, do início de uma investigação para fins de aplicação de medidas de salvaguarda sobre as importações de carne bovina realizadas pela China. O aviso foi feito pelo Ministério do Comércio chinês e atinge todos os países exportadores da proteína animal à Pequim.

Como justificativa para a abertura do processo, o governo de Pequim mencionou o excesso de oferta no mercado interno, que derrubou os preços domésticos da proteína. Dados mostram que, entre 2019 e 2023, as importações chinesas de carne bovina cresceram 64,93% e mais do que dobraram (106,28%) no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2019. O mercado doméstico viu sua participação cair, com as importações representando 43,87% da produção total no período analisado, ante 24,87% em 2019.

Segundo comunicado do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa), a investigação aberta por Pequim abrange todos os países exportadores de carne bovina para a China e deverá analisar o período que compreende o ano de 2019 até o primeiro semestre de 2024. As apurações deverão ter a duração de oito meses, sem a adoção de qualquer medida preliminar, permanecendo vigente a tarifa de 12% “ad valorem” (tarifas de importação) que a China aplica sobre as importações de carne bovina.

Ainda de acordo o Mapa, durante os próximos meses, e seguindo o curso e os prazos legais da investigação, o governo brasileiro, em conjunto com o setor exportador, buscará demonstrar que a carne bovina brasileira exportada à China não causa qualquer tipo de prejuízo à indústria local, sendo, pelo contrário, importante fator de complementaridade da produção local chinesa.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também acompanha as investigações. Em nota, a entidade que representa indústrias responsáveis por 98% da carne negociada para mercados internacionais, reafirmou que a carne bovina do Brasil exportada para a China é de alta qualidade e segue rigorosos padrões de sanidade e segurança. “Como grandes parceiros comerciais, estamos comprometidos em cooperar com as autoridades chinesas e brasileiras, colocando-nos à disposição para fornecer quaisquer esclarecimentos e participar ativamente do processo de investigação”, ressalta o comunicado. 

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Já a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) se colocou à disposição de autoridades do Brasil e da China, bem como dos parceiros comerciais da indústria da carne bovina brasileira, para colaborar com o procedimento de investigação, com confiança em uma solução equilibrada e que atenda aos interesses de ambos os mercados.

Atualmente, a China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, consolidando-se nos últimos anos como o maior parceiro comercial do Brasil em proteínas animais. No acumulado deste ano, as exportações brasileiras de proteína para o país asiático somaram mais de 1 milhão de toneladas — aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023. De acordo com a Abiec, o volume foi um suprimento fundamental para complementar a produção local chinesa, hoje estimada em 12 milhões de toneladas.

Para o ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e colunista do Agro Estadão, Weber Barral, a participação dos exportadores brasileiros no processo, fornecimento informações ao governo chinês é importante. “A China é o principal mercado consumidor de carne brasileira, e a relevância de participar do processo é imensa, para garantir a obediência às regras multilaterais e preservar o acesso das carnes ao mercado chinês”, informou Barral à reportagem.

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