Economia
Café tem recorde nas exportações de outubro com 4,9 milhões de sacas
Apesar do resultado, Cecafé afirma que há grande volume de café parado nos portos: em setembro, foram 2,1 milhões de sacas
4 minutos de leitura 11/11/2024 - 17:17
Fernanda Farias | Porto Alegre | fernanda.farias@estadao.com
O Brasil registrou recorde mensal no volume de café exportado em outubro, com 4,926 milhões de sacas de 60 kg, o que representa crescimento de 11,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O volume também é 3,27% superior ao maior volume histórico registrado anteriormente, em novembro de 2020, quando 4,770 milhões de sacas foram embarcadas.
Os números foram divulgados no relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O preço médio da saca foi de US$ 282,80, somando US$ 1, 393 bilhão (62,6% a mais que em outubro de 2023).
“Esse resultado de outubro foi, sem dúvida, muito bom para o comércio exportador de café do Brasil, pois demonstra o engajamento das empresas e de suas equipes de logísticas para consolidar seus embarques, buscando alternativas, como as exportações de cinco navios de break bulk, para honrar os compromissos com os clientes internacionais. Entretanto, é importante destacar que ainda há um grande volume de café parado nos portos e que os exportadores seguem enfrentando desafios logísticos para consolidarem seus embarques devido à continuidade dos elevados índices de atrasos de navios e rolagens de cargas”, destaca em nota o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
De acordo com ele, o aumento na demanda por contêineres para a exportação de café, açúcar e algodão, somado à falta de infraestrutura portuária adequada para atender produtos conteinerizados, contribuiu para os elevados índices de atrasos dos navios e rolagens de cargas, impactando a gestão de gates e a lotação de pátios dos terminais.
“O Cecafé vem mantendo diálogo com os terminais portuários e demais entes do comércio exterior na expectativa de buscar apoio e esforços para o atendimento às cargas de café, mesmo diante de todos os desafios de pátio. Também mantemos conversas com os demais segmentos do agronegócio brasileiro para que possamos, juntos, reivindicar a ampliação dos investimentos em infraestrutura e ter maior celeridade nos processos junto às autoridades públicas, caso contrário os exportadores seguirão bancando, literalmente, o recorde exportado”, completa Ferreira.
Com o desempenho de outubro, o Brasil elevou para 17,075 milhões de sacas o montante de café exportado no acumulado dos quatro primeiros meses do ano safra 2024/25, o que rendeu US$ 4,529 bilhões ao país. Na comparação com os desempenhos registrados entre julho e outubro de 2023, há crescimentos de 17,9% em volume e de 58,1% em receita cambial.
Já considerando o ano civil, as exportações de café somam 41,456 milhões de sacas de janeiro a outubro. O volume é histórico para o período, com um incremento de 35,1%, assim como a receita, que cresceu 53,8% e alcançou US$ 9,875 bilhões.
Entre os portos, o de Santos foi o principal exportador dos cafés entre janeiro e outubro, com 27,940 milhões de sacas, ou 67,4% do total. Na sequência, aparecem o complexo portuário do Rio de Janeiro, que responde por 28,1% dos embarques ao remeter 11,664 milhões de sacas ao exterior, e o Porto de Vitória (ES), que registrou o embarque de 465.311 sacas e teve representatividade de 1,1%.
Alemanha é o principal destino
A maior parte do café brasileiro exportado foi para a Alemanha, que de janeiro a outubro, comprou 6,640 milhões de sacas. Esse volume equivale a 23,9% de todas as exportações e é 77% maior que o registrado nos dez primeiros meses do ano anterior.
Os Estados Unidos, com 23,4% de representatividade, adquiriram 6,522 milhões de sacas (+30,9%) e ocupam o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Bélgica, com a importação de 3,618 milhões de sacas (+116,2%); Itália, com 3,330 milhões de sacas (+34%); e Japão, com 1,840 milhão de sacas (-1,6%).
Quando se analisam as exportações de café verde realizadas pelo Brasil a outros países produtores, o México lidera a tabela com a aquisição de 871.766 sacas do produto in natura, o que representa um aumento de 155,3% frente ao comprado de janeiro a outubro de 2023.
O Vietnã, segundo maior produtor do mundo, aparece na sequência, ampliando suas importações dos cafés verdes brasileiros para 607.233 sacas, com significativa elevação de 432,8% sobre o volume adquirido nos 10 primeiros meses do ano anterior. Destaca-se, ainda, a performance para a Índia, que ampliou em expressivos 1.356% suas compras dos cafés em grão do Brasil, para 225.936 sacas.
Exportações por tipo de café
O café arábica, com a remessa de 30,201 milhões de sacas ao exterior entre janeiro e outubro, é a espécie mais exportada pelo Brasil. Esse volume é o maior da história para esse período de 10 meses, equivale a 72,9% do total e representa alta de 24,3% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
A espécie canéfora (conilon + robusta) vem na sequência e se destaca com maior crescimento nas vendas frente a 2023: 140%. Ao todo, foram embarcadas 7,894 milhões de sacas, representando 19% das exportações gerais de café.
O segmento do café solúvel, com 3,322 milhões de sacas – avanço de 8,8% e 8% do total –, e o produto torrado e torrado e moído, com 38.303 sacas (-9,6% e 0,1% de representatividade), completam a lista.
Exportações de cafés diferenciados cresceram 42%
Os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis respondem por 17,9% das exportações totais brasileiras do produto entre janeiro e outubro de 2024, com a remessa de 7,402 milhões de sacas ao exterior.
Esse volume é 42,8% maior do que o registrado nos 10 primeiros meses do ano passado. A receita gerada por essas exportações somou US$ 1,945 bilhão – 60,9% superior ao registrado de janeiro a outubro de 2023.
Os principais destinos dos cafés especiais são:
- Estados Unidos: 1,647 milhão de sacas (22,3% do total desse tipo exportado)
- Alemanha: 1,403 milhão de sacas (18,9%)
- Bélgica: 833.348 sacas (11,3%)
- Holanda (Países Baixos): 525.138 sacas (7,1%)
- Reino Unido: 290.855 sacas (3,9%)
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