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Economia

Cadeia de suínos movimentou R$ 371,6 bilhões em 2023, aponta ABCS

Raio-X da suinocultura no Brasil mostra aumento de 130,26% nas exportações nos últimos 9 anos

4 minutos de leitura 25/04/2024 - 05:00

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Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com

Foto: Adobe Stock
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Um levantamento feito pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) mostrou que a suinocultura no Brasil movimentou, em termos financeiros, R$ 371,6 bilhões em 2023. A maior parte desse resultado, cerca de 77,7%, vieram de indústrias frigoríficas e da venda da carne suína ao consumidor final. Os dados estão no Retrato da Suinocultura Brasileira edição 2024, ao qual o Agro Estadão teve acesso com exclusividade, e analisam a atividade suinícola nos últimos nove anos.  

O panorama geral é de crescimento de 130,26% nas exportações do setor na última década. As vendas de carne suína in natura para o mercado internacional mais que dobraram de 2015 para 2023, saindo de 472.578 toneladas para 1,08 milhões de toneladas.

“A gente teve, a partir de 2018, o fator China e logo depois continuamos a crescer porque pulverizou muito essas exportações, diferente de anos passados em que a gente dependia de um ou dois parceiros”, pontuou ao Agro Estadão o presidente da ABCS, Marcelo Lopes.

O levantamento também mostra uma alta no consumo interno. Em 2015, cada brasileiro consumia em média 15,1 quilos de carne suína. Em 2023, esse número foi para 20,68 quilos, ou seja, uma alta de 36,9%. Para Lopes, um dos responsáveis pela alta no consumo por pessoa foi o trabalho de comunicação entre o setor e o varejo. 

“Fizemos uma comunicação mais ativa junto à população. A ABCS vem fazendo um trabalho de educação e informação junto ao varejo que é depois repassado aos consumidores. Outro fato importante foi um aumento significativo de preço da carne bovina de 2020 a 2022. Esse encarecimento fez com que a população buscasse uma alternativa, entre elas a carne suína”, explica.

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O presidente também afirmou que esse crescimento, principalmente na oferta de carne suína, tem relação com o melhoramento genético dos suínos. Em 2015, o peso médio de uma carcaça era de 87,38 quilos. Já no último ano, essa média foi de 92,68 quilos

Perfil da produção no Brasil

O levantamento também analisou o perfil da produção de suínos no Brasil. A pesquisa foi feita apenas levando em consideração as granjas tecnificadas, ou seja, que entregam a produção para frigoríficos que têm algum tipo de inspeção. 

Entre as mudanças de 2015 para 2023, houve um aumento do modelo de produção integrado, ou seja, as indústrias de processamento de carne mantêm contratos de entrega dos suínos com os produtores. Do total de matrizes suínas do plantel brasileiro, 43,7% estavam nesse modelo em 2023 sendo que em 2015 esse número era de 39%. 

Já o modelo de produção independente, cujo o produtor não tem um vínculo direto com as empresas, teve redução. Saiu de 38% para 33,3% no último ano. E o modelo cooperado verticalizado, em que produtores produzem exclusivamente para cooperativas, manteve o mesmo patamar de nove anos atrás, com 23% do plantel. 

O total de matrizes suínas registrado em 2023 foi de 2.110.840, o que representa 22,71% a mais se comparado com o ano de 2015. 

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Desafios ainda estão na parte financeira

Na avaliação do presidente da ABCS, o maior gargalo da atividade é a oferta de crédito. Segundo Lopes, se observa um aumento nas exigências sanitárias e de bem estar animal, o que pode elevar ainda mais os custos de produção. 

O grande desafio é linha de crédito. Tem poucas linhas de crédito para crescimento e muitos produtores acabam usando o crédito de custeio, que são de curto prazo [para pagamento]. E isso vem ao encontro com outra questão que é o aumento das exigências, seja sanitárias como também de bem estar animal. Então temos um custo alto para se produzir”, afirmou.

Além disso, cerca de 80% desse custo vêm da alimentação dos animais, que teve preços elevados nos anos mais recentes. Somente em 2023, foram consumidos mais de 12,4 milhões de toneladas de milho e 4,2 milhões de toneladas de farelo de soja. Uma solução para diminuir esses gastos é investir em armazenagem, porém o crédito ainda é escasso para isso. “É necessário que se tenha melhores linhas e com prazos mais longos e juros menores”, analisa Lopes.

Mesmo com os problemas apontados, a expectativa do setor é crescer em 2024 e se tornar o terceiro maior exportador de carne suína do mundo. “A gente vem de um período pequeno de acomodação. Vínhamos crescendo em um ritmo grande de até 15% ao ano e depois tivemos esse período de acomodação. A expectativa é de que neste ano a suinocultura volte a crescer e devemos passar o Canadá, indo do quarto para o terceiro maior exportador de carne suína”, projetou o presidente da ABCS.

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