Este fim de semana deve ter frente fria no Sul e chuva no Matopiba; Inmet emite alerta de tempestade para o Mato Grosso do Sul
Com o fim do fenômeno La Niña declarado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), começa a vigorar o período de neutralidade climática. Basicamente, isso representa que o mundo não está sob influência de nenhum dos fenômenos climáticos mais impactantes — La Niña e El Niño.
De acordo com a meteorologista da Nottus, Desirée Brandt, essa condição climática deve persistir no outono e no inverno, com uma chance grande de que persista até o final do ano. “De acordo com a previsão probabilística mais estendida, a maior chance é de que a gente permaneça com a neutralidade climática até o fim do ano. Começa a crescer uma probabilidade para La Niña no final do ano, mas, ainda assim, a probabilidade para neutralidade está maior. Como se trata de uma previsão estendida, é melhor aguardar um pouquinho mais”, comenta ao Agro Estadão.
Quanto aos efeitos, ela separa em dois tópicos: temperatura e chuva. A expectativa para as temperaturas nesse período é de que haja uma normalidade, ou seja, a tendência é de que os termômetros marquem os níveis médios históricos para essas épocas do ano. No entanto, os produtores brasileiros das culturas de inverno poderão observar uma certa ajuda, em comparação com os últimos anos.
“Nos dois últimos anos, nós praticamente não tivemos inverno e este ano a temperatura vai cair um pouco mais, tem previsões de algumas ondas de frio. Não tem previsão de um inverno rigoroso, mas vai ser um inverno marcado por algumas quedas de temperatura, o que inclusive favorece algumas lavouras de inverno, que no ano passado sentiram falta de algumas horas de temperatura mais baixa”, pontua.
Já as chuvas começam a se concentrar nos extremos do país, como se espera para essa época do ano. O extremo da região Norte do país, a região Sul e o leste do Nordeste devem ser as áreas que acumularão essa umidade. Brandt faz um recorte para a região Nordeste: “Isso vai beneficiar as áreas de cana-de-açúcar”.
No centro do país, o período característico da seca já começa a se desenhar. Entre final de abril e início de maio, deve ocorrer o período de transição, em que as chuvas vão gradualmente reduzindo e dando espaço à estiagem.
No entanto, o quadro de neutralidade climática também poderá trazer algumas surpresas de umidade para o Centro-Oeste e Sudeste durante o período de seca. “Essa condição de neutralidade permite o avanço dos sistemas frontais. Eventualmente, podemos ter alguns episódios atípicos de chuva em pleno período seco no centro do Brasil. Claro que não é uma chuva muito volumosa”, destaca a meteorologista.
A especialista ainda alerta que isso pode afetar áreas produtoras de café. Dependendo do momento em que essas precipitações acontecerem, isso pode impactar na cultura. “Esse tipo de chuva em hora errada pode despertar florada indesejada e acabar prejudicando a qualidade dos grãos, ou mesmo acontecer uma umidade na secagem de grãos. Não é uma certeza, mas existe essa possibilidade”.
Já para os produtores do milho 2º safra, há previsão de chuvas até perto do fim de abril. Em maio, há a possibilidade do avanço de algumas frentes frias pelo Sudeste e Centro-Oeste, o que também pode provocar precipitações nessas áreas produtoras. Segundo Brandt, essa umidade pode ajudar no fechamento das lavouras do cereal.
Entre esta sexta-feira, 11, e o sábado, 12, uma frente fria começa a agir no Brasil a partir da região Sul. No domingo, 12, ela provoca chuvas fortes por lá e depois avança pela costa do país durante a próxima semana. “Com isso, ela vai organizar as instabilidades no centro do país. Então, semana que vem tem chuva para o Sudeste, Centro-Oeste e Matopiba. Não é volumosa, mas é capaz de favorecer as lavouras que estão em fase de desenvolvimento”, diz a meteorologista.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o fim de semana também deve ter chuva para o interior do Nordeste. Segundo o órgão, “ a expansão das chuvas para o interior se dá pela mudança no padrão atmosférico com a passagem de um sistema frontal no oceano que vai contribuir para o aumento da umidade na Região Nordeste”.
O Matopiba deve receber as maiores concentrações de chuva nesse período. Isso pode ajudar as lavouras de algodão e de milho safrinha no Tocantins e no Maranhão.
O Inmet também emitiu alerta de tempestade para a porção oeste do Mato Grosso do Sul. O aviso, até o momento, é somente para o período de sábado. A chuva pode variar entre 30 a 60 milímetros por hora.