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Governo destina mais R$ 6,7 bi para importação de arroz e setor reage: “um desastre”

A importação de arroz depende da publicação de edital de leilão de compra pela Conab; companhia já suspendeu um leilão na última semana

3 minutos de leitura 25/05/2024 - 16:10

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Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com

Foto: Adobe Stock
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No impasse sobre a importação de arroz, o Governo Federal avançou com a abertura de um crédito extraordinário de R$ 6,69 bilhões que, somados aos R$ 516 milhões já liberados, irá disponibilizar o total de R$ 7,2 bi para a compra de até 1 milhão de toneladas de arroz. 

Os recursos serão usados pelos Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário para compras feitas em leilão pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Parte do valor será para subsidiar a compra e o valor deverá ficar em no máximo R$ 4 por quilo.

O governo mudou o destino do arroz comprado, que antes era para pequenos varejistas e equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional das regiões metropolitanas dos estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará e Ceará. Agora, também será para “mercados de vizinhança, supermercados, hipermercados e atacarejos”

As medidas provisórias com as decisões foram publicadas em edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira, 24. Agora, a expectativa é de que a Conab publique o edital para leilão de compra na próxima semana. 

Na última semana, a companhia chegou a publicar um edital para compra de 100 mil toneladas, mas suspendeu o processo após pressão do setor e do aumento dos preços do cereal. Ao mesmo tempo, o Governo Federal retirou a Tarifa Externa Comum (TEC) para compra de arroz de países fora do Mercosul.

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Federação dos Agricultores do RS considera importação de arroz “um desastre”  

A publicação do dinheiro extra para compra de arroz aconteceu um dia após reunião dos representantes dos produtores de arroz e dos supermercados com o ministro da Agricultura. No encontro, o setor tentou, mais uma vez, convencer o Governo Federal de que não vai faltar arroz no país, mesmo com as perdas provocadas no Rio Grande do Sul após as enchentes e inundações. 

“Reforçamos o pedido para que o governo não interfira no mercado”, disse ao Agro Estadão o presidente da Federarroz, Alexandre Velho. Mas a posição do ministro Fávaro seguiu a mesma, com a justificativa de evitar desabastecimento e especulação. Mesmo assim, o ministro disse ao setor que “não quer prejudicar o produtor”. 

Após a publicação das medidas provisórias que garantem o dinheiro para a importação do arroz, o presidente da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Gedeão Pereira, disse ao Agro Estadão que se trata de “um desastre; desnecessário”. E complementa: “Estarão subsidiando com dinheiro que poderia ser usado para salvar produtores rurais que estão com grandes dificuldades.

Arroz a R$ 4: “O governo vai fazer o produtor parar de plantar”

A promessa do governo em pagar R$ 4 pelo quilo do arroz importado incomoda o setor, que vê na iniciativa mais uma ameaça à produção do cereal. O presidente da Federarroz diz que o valor negociado [R$ 4] representa R$ 75 reais por hectare para o produtor, ficando abaixo do custo de produção atual estimado em R$100 reais por hectare.

“Não existe arroz no mundo abaixo de um dólar. O governo vai fazer o produtor parar de plantar”, desabafa Alexandre Velho. O presidente da Farsul concorda. “Isto vai trazer desestímulo aos produtores e ano que vem poderemos ficar com menos arroz”, avalia Gedeão.

O Rio Grande do Sul é o principal estado produtor de arroz, respondendo por 70% do cereal nacional. A safra 2023/2024 está estimada em 7,1 milhões de toneladas, pouco abaixo das 7,2 mi de ton do ciclo anterior, de acordo com o Irga.

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