Agrishow celebra 30 anos com trajetória de expansão do agronegócio

A Agrishow, maior feira agropecuária a céu aberto da América Latina, começa nesta segunda, 28, e vai até sexta-feira, 2 de maio, em Ribeirão Preto (SP). A expectativa é movimentar R$ 15 bilhões em negócios, superando os R$ 13,6 bilhões de 2024. O evento, que reúne 800 empresas, deve atrair mais de 200 mil visitantes.

Na 30ª edição, a feira resgata suas origens com uma exposição com fotos históricas e conteúdos sobre a evolução da agropecuária desde a primeira edição, que começou em 4 de maio de 1994. Desde então, só não foi realizada em 2020 e 2021, por causa da pandemia de covid-19.

Luis Roberto de Alvarenga Marques, agricultor de Batatais (SP) e presidente do Sindicato Rural local, esteve na estreia, que reuniu 60 expositores, 15 mil pessoas e movimentou cerca de R$ 300 milhões. Ele lembra que o início da feira coincidiu com a chegada ao Brasil do corpo do piloto Ayrton Senna, morto três dias antes na Itália. “Com isso, o público foi pequeno”, recorda.

Na época, a feira não tinha o prestígio atual. “A tecnologia na agricultura era quase nada. A mudança foi grandiosa”, diz Marques. Em 1995, comprou uma máquina forrageira e uma carreta basculante que eram lançamentos. “Nada digital. Tudo hidráulico, meio agressivo”, conta ele, que continua frequentando o evento e estará novamente presente neste ano.

O início da Agrishow

A Agrishow nasceu em 1994, mas sua semente foi plantada três anos antes, durante a presidência de Roberto Rodrigues na Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Na época, ele foi procurado por Brazílio de Araújo Neto, produtor rural e presidente da Sociedade Rural do Paraná. “Ele disse que tinha ido aos Estados Unidos, conhecido uma feira chamada Farm Progress Show e que o Brasil precisava de algo semelhante”, lembra Rodrigues, que depois seria secretário da Agricultura de São Paulo (1993-1994) e ministro da Agricultura (2003-2006).

Araújo Neto já tinha o projeto desenhado, mas faltavam estrutura e recursos. A proposta era uma parceria com a OCB, mas Rodrigues, no fim do mandato, não podia assumir o compromisso. “Sugeri procurar o Pedro Camargo Neto, presidente da Sociedade Rural Brasileira.” Sem recursos, a Rural ofereceu apoio simbólico. Em 1992, Araújo Neto organizou uma feira em sua fazenda, em Londrina (PR), mas a falta de verba impediu a continuidade.

Em 1993, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) fez o evento em Uberaba (MG), durante a ExpoZebu. “Apesar do esforço, foi um negócio meio improvisado”, diz Rodrigues, então eleito presidente da Rural e envolvido na fundação da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).

Ascensão, tropeço e retomada

A virada ocorreu quando Roberto Rodrigues assumiu, em agosto de 1993, a Secretaria da Agricultura de SP. Chamou Araújo Neto e sugeriu realizar a feira em Ribeirão Preto, por questões de infraestrutura e acesso. A condição era que o evento fosse organizado por convênio entre a secretaria e a recém-criada Abag, como forma de lançá-la ao mercado. 

Sob presidência de Ney Bittencourt de Araújo, a Abag organizou a feira com apoio de entidades como a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), dirigida por Sérgio Magalhães. O nome Agrishow foi criado pelo empresário Celso Luís Casale.

Meses depois, Rodrigues deixou o cargo e a segunda edição enfrentou dificuldades. Magalhães propôs que a Abimaq assumisse a feira, desde que presidida por Rodrigues – que aceitou, correu a Brasília e conseguiu R$ 1 milhão em um dia, via Ministério da Agricultura e Banco do Brasil.

João Carlos Marchesan, atual presidente da Agrishow, lembra que quatro empresas foram fundamentais para manter o evento: Marchesan, da família dele, Baldan, Jumil e Jacto. Elas serão homenageadas hoje, na abertura da edição 2025. 

Para Walter Baldan, presidente do conselho da Baldan, a criação da Agrishow foi decisiva para que o agro deixasse de ser apenas sinônimo de propriedade rural, para se tornar um ecossistema de inovação.“A Agrishow não é só uma vitrine. É um motor de transformação.”

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