Tecnologias apresentadas na Agrishow 2024 mostram que o agro entrou na era da Inteligência Artificial 

Manter a sanidade das lavouras é uma luta diária. Preparo de solo, escolha das melhores sementes, plantio, adubação, controle de pragas…São muitos os processos até a colheita.  E basta uma pequena desatenção em alguma dessas fases para comprometer uma safra toda. 

Mas nessa luta o agricultor não está sozinho. A cada dia, ganha novos aliados. Entre os mais recentes, estão tecnologias com Inteligência Artificial (IA) capazes de entregar precisão, economia de recursos e sustentabilidade, e, com isso, garantir incrementos expressivos em produtividade. 

A Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, que terminou nesta sexta-feira (3), em Ribeirão Preto (SP), apesentou algumas das principais novidades em equipamentos e sistemas que, ao reproduzirem comportamentos humanos, e de forma mais ágil, substituem processos antes executados manualmente ou a olho nu. 

A chinesa JXO colocou em destaque uma máquina selecionadora de grãos e sementes programada para separar falhas de maneira personalizada, conforme as demandas de cada perfil de produtor rural. 

O diretor da empresa, o chinês Changhai Wang, explica que o software de gerenciamento pode ser ajustado para atender pedidos específicos, como eliminar determinados tipos de impurezas ou sementes que não sigam um certo padrão de cor e tamanho. A JXO no Brasil recebe a solicitação, envia para a China e, em um prazo de dois a três dias, recebe de volta com os ajustes. 

Cada função disponível pode ser, ainda, ligada ou desligada, de acordo com as operações definidas para o dia. Por exemplo: se uma amostra já está livre de impurezas e o interesse for apenas separar por tonalidades de cor, a primeira opção pode ser desabilitada pelos próprios agricultores. 

O supervisor comercial Murilo Sala informa que a seleção das melhores sementes e grãos é possível a partir da identificação, pela IA, de diferentes comprimentos de ondas. “Qualquer produto tem ondas, até os defeitos. Esse equipamento reconhece os mínimos desvios e faz a separação”, explica. 

A tecnologia chegou ao mercado chinês há três anos. Neste ano, a empresa começa uma linha de montagem no Brasil e já planeja a inauguração de uma fábrica em Santa Cruz do Rio Pardo (SP). 

Caiu na armadilha é inseto

Não adianta, porém, ter um padrão de excelência em grãos e sementes se as lavouras ficarem suscetíveis a pragas, como os insetos. Contra eles, a TIM fechou uma parceria com a Trapview, da Eslovênia, para disponibilizar uma armadilha conectada que permite elaborar, por IA, gráficos e relatórios, acessados por meio de um aplicativo, sobre os níveis de incidência na plantação.  

A TIM tem 17 milhões de hectares do território nacional cobertos com conectividade. Com tecnologias de IoT, Internet das Coisas, outros 18 milhões são atendidos. Os agricultores que estão nesse raio de ação podem usar a armadilha, que dispõe de um mecanismo com feromônio. Ao serem atraídos e entrarem na estrutura, os insetos ficam colados em um tipo de papel especial. 

Diariamente, são fotografados por duas câmeras e analisados por IA. Com isso, é possível saber quais são as espécies que estão prejudicando a lavoura e qual a dimensão da infestação. O aplicativo armazena todo o histórico a partir do início do funcionamento do equipamento, para que o produtor se programe sobre como e quando fazer a aplicação de defensivos. 

O aplicativo pode gerenciar um número ilimitado de armadilhas. “Geralmente, o produtor faz a aplicação de maneira uniforme em todas as áreas da propriedade. Com a armadilha, ele pode reduzir em alguns pontos sem tanta incidência, o que diminui custo e preserva o meio ambiente”, afirma Alexandre Dal Forno, diretor de IoT 5G da Tim. 

Isso é possível porque o aplicativo permite acompanhar, por um sistema de cores, quais pontos da propriedade rural demandam maior atenção. Segundo Marcelo Gregorin, executivo de vendas da Trapview, a armadilha também é equipada com medidores de umidade e temperatura, que são fundamentais na análise – já que as populações de insetos podem variar com esses fatores. A partir do cruzamento de todos os dados, o aplicativo pode estimar, ainda, o período em que a infestação vai atingir o índice máximo.