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Agrishow 2024: empresas apostam em veículos elétricos para expandir vendas e tecnologia no campo

Fabricantes chineses planejam investimentos em equipamentos agrícolas e startup brasileira lança pulverizador compacto

3 minutos de leitura 04/05/2024 - 07:00

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Igor Savenhago

Foto: Igor Savenhago
Foto: Igor Savenhago

A empresa é nova. Tem apenas dois anos de mercado. E o mesmo tempo de Agrishow. A presença na feira teve um motivo especial: um pulverizador 100% elétrico que pode ser controlado manualmente ou fazer os trabalhos sozinho. Para isso, basta definir o trajeto em um aplicativo, as larguras da faixa de aplicação e posicioná-lo no ponto de início.  

A Hural, com sede em Londrina (PR), foi criada por três amigos. O pulverizador é o primeiro projeto da startup, que nasce buscando se alinhar a um negócio com promessa de crescimento no agronegócio: os veículos elétricos. Prova disso foi a variedade de modelos apresentada na feira. 

Michell Jabur, um dos sócios, conta que trabalhava em empresas de tecnologia e os dois amigos com drones. Mas sem qualquer ligação com o campo. A virada de chave foi há pouco mais de quatro anos. E a Agrishow deu uma forcinha. “A gente visitava o evento e percebia como o setor está cada vez mais em alta”, conta ao Agro Estadão. 

Decidiram, então, investir em um equipamento compacto, de 300 quilos – enquanto um pulverizador convencional pode chegar a oito toneladas. O produto é movido com duas baterias, que dão autonomia de cinco horas de operação. Na edição do ano passado da Agrishow, os sócios haviam apresentado um protótipo da inovação, que passou por ajustes após eles ouvirem opiniões dos visitantes. Agora em 2024, aproveitaram a feira, que foi um dos motivadores para a criação da empresa, para fazer o lançamento oficial. 

Negócio da China

Outra que também apresentou um veículo elétrico atrativo foi a chinesa LiuGong, que está há dez anos no Brasil, com unidade produtiva em Mogi-Guaçu (SP) e escritório em Campinas (SP). A empresa apresentou uma carregadeira de rodas. 

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A máquina é equipada com câmera de ré, sistema automático de lubrificação, ventilador elétrico reversível, sistema automático de nivelamento de caçamba, sistema antipatinagem, entre outros avanços tecnológicos. É o primeiro modelo da companhia 100% elétrico no Brasil. 

Ricardo Bertoni, gerente sênior de negócios, explica que a eletrificação é muito forte na China no setor da construção, que compõe um amplo portfólio da LiuGong. No Brasil, apesar de a venda de carros de passeio elétricos ter batido recordes no ano passado, com 93.927 unidades, aumento de 91% em relação ao ano anterior, conforme a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no agro a tecnologia vem entrando aos poucos. 

Foto: Igor Savenhago

Entre os tratores, por exemplo, a New Holland apresentou, na última quarta-feira (02), o primeiro elétrico do mundo, que deve entrar em produção no início do ano que vem nos Estados Unidos e ainda não tem data para chegar ao Brasil. Para Bertoni, no entanto, os elétricos devem ganhar, gradativamente, espaço nas propriedades rurais do país. 

Em 2025, a empresa pretende começar a produção de uma máquina específica para o agro. Uma colhedora de cana, que, segundo o gerente, vai aliar robustez, eficiência e preço, para ser uma alternativa às grandes fabricantes. Bertoni explica que esta não será elétrica, mas vai marcar a entrada da LiuGong no segmento no Brasil, para o qual deverá fazer novos investimentos nos próximos anos. Exposta no estande da empresa, a colhedora deve começar a ser oferecida dentro de um ano. 

Vencer a desconfiança

A XCMG, também chinesa, estuda seguir trajetória parecida. A empresa apresentou, na Agrishow, cinco equipamentos 100% elétricos: uma carregadeira, uma escavadeira, uma plataforma, uma empilhadeira e um caminhão com capacidade de carga de 16 metros cúbicos. Todos carregam em uma hora, o que é suficiente para operações de seis a oito horas. 

Com dez anos no Brasil, a empresa colocou os modelos no mercado há três. Ricardo Senda, gerente de veículos elétricos da XCMG, afirma que, apesar de não serem específicos para o agro, eles são chamarizes para aumentar o interesse dos produtores rurais pela tecnologia. “Existe ainda uma certa desconfiança, um medo, que procuramos quebrar oferecendo um test drive em uma das máquinas elétricas que temos. Com isso, eles vão quebrando a resistência”, revela. 

Ele projeta que, em poucos anos, a frota rural brasileira será predominantemente elétrica. “É só o produtor perceber que os elétricos representam uma economia de até 70% nos custos operacionais”, conclui.

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